A _ cor _ dar , é preciso !


segunda-feira, novembro 30, 2009

Côr de ainda puro .


Imagino que sobre nós virá um céu

de espuma e que, de sol em sol,

uma nova língua nos fará dizer

o que a poeira da nossa boca adiada

soterrou já para lá da mão possível

onde cinzentos abandonamos a flor.

dizes... põe nos meus os teus dedos

e passemos os séculos sem rosto,

apaguemos de nossas casas o barulho

do tempo que ardeu sem luz.

sim, cria comigo esse silêncio

que nos faz nus e em nós acende

o lume das árvores de fruto.

Diz-me que há ainda versos por escrever,

que sobra no mundo um dizer ainda puro.


Vasco Gato

domingo, novembro 29, 2009

sábado, novembro 28, 2009

Côr de a Porta .



Vais perguntar outra vez porque existes ?
Para quê
?
Para ficares com os olhos do tamanho de ilhas tristes ?
Pois não sabes que já milhões como tu e como eu ,
pediram , em vão , às aves
que procurassem nas nuvens aquela Porta
de que nem a Morte tem as chaves
.

E quem a abriu ?

Quem sabe que Porta é ?

*
José Gomes Ferreira

quinta-feira, novembro 26, 2009

terça-feira, novembro 24, 2009

Côr de blogagem _ Um conto de amor _


_ Um gentil convite de Rebeca e Jota Cê _


O comboio estava prestes a partir .
Entraste e sentaste -te ao meu lado .
Disseste uma frase cortêz , não em português , que me fez sorrir .
Foi o início de uma conversa de três horas e meia.
Há dias , encontrei o teu numero de telefone que nunca utilizei . Soube que é teu , pelo desenho que fiz ao lado
[ uma mania minha ]
Então, lembrei - me de ti .
Ainda vejo o teu sorriso . Um sorriso que não era imediato . Ia acontecendo lentamente , como que a dar oportunidade que entrassemos nele . As tuas mãos . Bem , as tuas mãos grandes e ossudas . Abertas em forma de ninho . Esperando algo para proteger e afagar . Provavelmente outras mãos . . .
[ e como afagavam ] . Os teus olhos que olhavam os meus de frente e com atenção , para perceberes o que a boca dizia . E que brilharam molhados , quando falaste de uma saudade , do outro lado do Atlântico .[ Calamo -nos por uns instantes , porque não existe convite melhor para um beijo , que olhos molhados ].
A tua voz um tanto rouca e bem colocada no peito , própria para dizeres ternuras
[ tantas ] .
Disseste que gostavas de teatro .
Que trabalhavas com lapis , pinceis e cinzel .
Fiquei a saber muito da tua vida . Estavas com necessidade de entrega . E eu recebi .
Da minha pouco falamos . Gosto mais de ouvir .
Sei , como sei , que se não estivessem à minha espera na estação terminal ... teria ido contigo
Nessa noite pouco dormi . O teu cheiro e as tuas mãos continuavam a meu lado . E por uns dias mais .
Porque não telefonei ? Porque não te procurei
? Não sei !
É frequente dizer -se ... não tinha que ser ?! Será ?
Agora , por mais esforço que faça não recordo o teu rosto . O nome , sim ... Daniel .
Mas não é importante .
Importante foi
o prazer daquela viagem , que guardo embrulhado no papel com o múmero do telefone , na caixa dos bons e saborosos momentos .

Maria

segunda-feira, novembro 23, 2009

Côr de fidelidade .



Diz- me devagar coisa nenhuma ,
assim a só presença com que me perdoas
esta fidelidade ao meu destino .
Quando assim não digas é por mim
que o dizes . E os destinos vivem - se
como outra vida . Ou como solidão .
E quem lá entra ? E quem lá pode estar
mais que o momento de estar só comigo ?

Diz - me assim devagar coisa nenhuma ...
o que à morte se diria , se ela ouvisse ,
ou se diria aos mortes , se voltassem .


Jorge de Sena _ Quinze poetas portugueses do século XX _

domingo, novembro 22, 2009

sábado, novembro 21, 2009

Côr de rasto .


Para que tu me ouças ,
as minhas palavras adelgaçam -se , por vezes ,
como rasto de gaivotas sobre as praias .


Pablo Neruda

sexta-feira, novembro 20, 2009

Côr de teu rosto .



Amo o teu túmido candor de astro ,
a tua pura integridade delicada ,
a tua permanente adolescência de segredo ,
a tua fragilidade acesa sempre altiva .
Por ti eu sou a leve segurança de um peito
que pulsa e canta a sua chama ,
que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro
ou à chuva das tuas pétalas de prata .
Se guardo algum tesouro não o prendo
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar .
Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva ,
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias ,
porque é por ti que vivo é por ti que nasço ,
porque amo o ouro vivo do teu rosto


António Ramos Rosa

quinta-feira, novembro 19, 2009

Côr de como ?



Como hás - de acreditar naquele que diz que gosta de ti ? Se houvesse algum estratagema para saberes que não mente , um caldo mágico de cor amarela que , ele comendo - o , com uma colher de prata , revelasse o segredo dos seus sentimentos . . . o caldo ficaria verde em caso de mentira , e laranja carregado , quase vermelho , quando de verdade gostasse muito de ti . E quando mais carregado de vermelho , mais amor te teria .
Se , em contrapartida , o caldo conservasse o amarelo original , quereria isso dizer que no tocante ao coração lhe és completamente indiferente .
Eu sei que esta receita me faria rico . Seria um invento útil e fácil de entender . Como um semáforo .
Passei décadas com pózinhos , raízes e verduras , à procura deste caldo tornassol . Ainda não o descobri . Mas , à falta de um método infalível , aí vai o velho conselho matemático ... deve-se acreditar em metade da metade . Se depois desse par de divisões ficar de pé uma chamazinha de luz , começa a acreditar nele , mas não te esqueças . . . os homens são cobardes a amar .


Héctor A . Faciolince _ Receitas de amor para mulheres tristes _

quarta-feira, novembro 18, 2009

Côr de vem .



Vem.
Conversemos através da alma.
Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos.
Sem exibir os dentes,

sorri comigo, como um botão de rosa.
Entendamo-nos pelos pensamentos,
sem língua, sem lábios.
Sem abrir a boca,
contemo-nos todos os segredos do mundo,
como faria o intelecto divino.

Fujamos dos incrédulos
que só são capazes de entender
se escutam palavras e vêem rostos.
Ninguém fala para si mesmo em voz alta.
Já que todos somos um,
falemos desse outro modo.
Como podes dizer à tua mão ... " toca",
se todas as mãos são uma
?
Vem, conversemos assim.
Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma.
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma.
a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.
Vem, se te interessas, posso mostrar-te.


Rumi

sábado, novembro 14, 2009

Côr de dois prazeres .



Hoje ,
acordei com necessidade de proporciona -me dois prazeres ...
Coisas simples .
Que envolvem o corpo e a alma .

Nadar e dançar .
O primeiro foi fácil . A poucos metros de casa há um clube , e , devido à hora , tive a piscina por só para mim . A àgua a envolver - nos naquele abraço não forçado , é delicioso .
Claro que preferia um rio ... a envolvência é mais forte e profunda .
Vim revigorada a todos os niveis .
O segundo , não foi possível . Hoje não há dança no clube , e a que me apetecia não se pratica lá .

E como dançar ... é sonhar com os pés ...

O meu começo de dia , ficou entre a realidade e o sonho !

sexta-feira, novembro 13, 2009

Côr de limites .



Condenado estou a te amar
nos meus limites ,
até que exausta e mais querendo
um amor total , livre das cercas ,
te despeça de mim , sofrida ,
na direção de outro amor
que pensas ser total , e total será
nos seus limites da vida.

O amor não se mede
pela liberdade de se expor nas praças
e bares , em empecilho.
É claro que isto é bom e ás vezes ,
sublime.
Mas se ama também de outra forma , incerta ,
e este o mistério ...

ilimitado o amor às vezes se limita ,
proibido é que o amor às vezes se liberta.
*
*
*
Affonso Romano de Sant ´Anna

quinta-feira, novembro 12, 2009

Côr de separação .



Desmontar a casa
e o amor. Despregar
os sentimentos das paredes e lençóis.
Recolher as cortinas
após a tempestade
das conversas.
O amor não resistiu
às balas, pragas, flores
e corpos de intermeio.

Empilhar livros, quadros,
discos e remorsos.
Esperar o infernal
juizo final do desamor.

Vizinhos se assustam de manhã
ante os destroços junto à porta ...
_ pareciam se amar tanto _
!

Houve um tempo ...

uma casa de campo ,
fotos em Veneza ,
um tempo em que sorridente
o amor aglutinava festas e jantares.

Amou-se um certo modo de despir-se
de pentear-se.
Amou-se um sorriso e um certo
modo de botar a mesa. Amou-se
um certo modo de amar.

No entanto, o amor bate em retirada
com suas roupas amassadas, tropas de insultos
malas desesperadas, soluços embargados.

Faltou amor no amor ?
Gastou-se o amor no amor
?
Fartou-se o amor
?

O amor ruiu e tem pressa de ir embora
envergonhado.

Erguerá outra casa , o amor
?
Escolherá objetos , morará na praia
?
Viajará na neve e na neblina
?

Tonto , perplexo , sem rumo
um corpo sai porta afora
com pedaços de passado na cabeça
e um impreciso futuro.
No peito o coração pesa
mais que uma mala de chumbo.


Affonso Romano de Sant´Anna
*
O amor ... não ... não faltou , não gastou , não fartou .
Apenas ... que é eterno enquante dura [ como diz o poeta ] .
E o mais fabuloso . A fantástica aceitação e recuperação do ser humano , até mesmo no que respeita ao amor .

terça-feira, novembro 10, 2009

Côr de muros .



Ontem comemorou-se vinte anos passados , sobre a queda do muro de Berlim , ou , como também era conhecido , da vergonha .

Para quando comemorar a queda de outros muros existentes , fisicamente , por esse mundo fora e os sem número dos que não sendo vistos , existem tão mais fortes que os de pedra e cimento ?

Para quando cairão todos os muros que nós próprios erguemos , pelo simples facto de uma diferença de cor [ não só de pele ] ?

Para quando deixaremos de ter motivos de vergonha ?


Para breve ?
Quero e preciso acreditar !

Côr de Mário Viegas .




Trinta minutos antes do dia de S. Martinho , tal como ele dizia , nasceu , há sessenta e um anos ,

este Senhor !

segunda-feira, novembro 09, 2009

Côr de virtual .


/Se o meu desgosto é ser , na grande Teia ,
mensagem virtual ou sopro vago ,
talvez me qieiras tu dar o teu rosto,
e eu , no teu corpo me transforme , em alma .

António Franco Alexandre

domingo, novembro 08, 2009

Côr de tus manos .



Um Bom Domingo ,
para todos .

sábado, novembro 07, 2009

Côr de ajaezado .



Quando eu morrer batam em latas ,
Rompam aos saltos e aos pinotes ,
Façam estalar no ar chicotes ,
Chamem palhaços e acrobatas
!

Que o meu caixão vá sobre um burro
Ajaezado à andaluza...
A um morto nada se recusa ,
Eu quero por força ir de burro.



Mário de Sá Carneiro

quinta-feira, novembro 05, 2009

Côr de que vos deixo .



Peço às altas competências
perdão , porque mal sei ler,
p´ra aquelas deficiências ,
que os meus versos possam ter .
*
Eu não tenho vistas largas
nem grande sabedoria ,
mas dão - me as horas amargas
lições de filosofia .
*
Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo ,
calai - vos , que pode o povo
qu´rer um mundo novo a sério .
*
Como a morte é um segredo ,
quem lá sabe se por sorte ,
os mortos têm mais medo
da vida que nós da morte ?
*
Gosto de apertar a mão
áspera dos calos que tem ,
também as côdeas de pão
são ásperas , mas sabem bem .


António Aleixo _ Este livro que vos deixo _

quarta-feira, novembro 04, 2009

Côr de na loucura .



Eu não sou deste mundo .
Então de que planeta absurdo me acontece a vida ,

Que o carinho me põe de original
E a minha estrela dá como perdida ?

Pelo condão de um humor filosofal ,
Do estranho estado me finjo distraída
No hífen entre o nada e o ideal
Hasteio a farsa de coisa conseguida .

Estranhesa de ser .
De agoniado sou feita num sonho naufragado.
Tempo emprestado com um astro louco ao fundo .

Sitiada por trevas não descanso
De indagar a minha essência e só me alcanso
Na loucura de não ser deste mundo .



Natália Correia

domingo, novembro 01, 2009

Côr de ... em vez de flores .



Com certeza , flores , velas e rezas não faltarão .
Eu ofereço-te ...

música .