A _ cor _ dar , é preciso !


quarta-feira, junho 30, 2010

Côr de prometido .




A gravação não está perfeita ,

mas o carinho é sem defeito !

terça-feira, junho 29, 2010

sábado, junho 26, 2010

Côr de vida segura .



As coisas caem dos meus bolsos
e
da minha memória ... ...
Perco chaves , canetas , dinheiro , documentos , nomes , caras , palavras...
Eu ando de perda em perda , perco o que encontro , não encontro o que busco , e sinto medo de que numa dessas distrações acabe deixando a vida cair .


Eduardo Galeano _ pequeno excerto de O livro dos abraços _


Deixar cair a vida ... talvez não !
Por vezes , têmo - la presa só com um fio .
Recorremos , exactamente , a essas perdas e encontros para a conservarmos nas mãos .
Mas com elas abertas , para que , apesar de segura , não se sinta presa .
Que se movimente buscando aquilo que vale ... Conhecimento , melhor ainda ,Sabedoria .
Umas mãos abertas significam , um ser todo ele ávido e em espera .
Receptivo .
E
nunca distraído !

quinta-feira, junho 24, 2010

Côr S. João .



Não ,

não foi com " o martelo de S. João " ... ...

mas podia !

Imagem _ Aubrey Beardsley _
____ ___ ____
Como nasceu tão barulhento e desagradável " brinquedo " .

O martelo de S. João foi inventado em 1963 por Manuel António Boaventura, industrial de Plásticos do Porto, que tirou a ideia num saleiro/pimenteiro que viu numa das suas viagens ao estrangeiro. O conjunto de sal e pimenta tinha o aspecto de um fole ao qual adicionou um apito e um cabo vindo a incorporar tudo no mesmo conjunto e dando-lhe a forma de um martelo. O objectivo inicial era criar mais um brinquedo a adicionar à gama de que dispunha.
Nesse mesmo ano os estudantes abordaram o Sr. Boaventura com o intuito de lhes ser oferecido para a queima das fitas um “brinquedo ruidoso”, ao que o Sr. Boaventura acedeu oferecendo o que de mais ruidoso tinha...os martelinhos. A queima das fitas foi um sucesso com os estudantes a dar “marteladas” o dia todo uns nos outros e logo os comerciantes do Porto quiseram martelinhos para a festa de S. João.
Esse ano o stock era pouco mas no ano seguinte os martelos foram vendidos em força para esta festa e ao mesmo tempo oferecidos pelo Sr. Boaventura a crianças do Porto.
Assim o martelinho entrou nas festa do S. João sendo aceite incondicionalmente pelo povo nos seus festejos.
A venda fez-se normalmente durante 5 ou 6 anos até que um dia o Vereador da cultura da Câmara do Porto, Dr. Paulo Pombo e o Presidente da Câmara do Porto Engº Valadas chegaram á conclusão de que este brinquedo ia contra a tradição e decidiram fazer uma queixa ao Governador Civil do Porto Engº Vasconcelos Porto, queixa esta que foi aceite tendo mesmo o Governador Civil notificado o Sr. Boaventura de que no ano seguinte estava proibido de vender martelos para a festa de S. João, mandando avisar que quem fosse apanhado com martelos na noite de S. João seria multado em 70$00 (na época ganhava-se cerca de 30$00), e mandando retirar os martelos das lojas comerciais onde estavam á venda. O que é certo é que o povo não acatou esta decisão e continuou a usar o martelo nos seus festejos.
O Sr. Boaventura ao ver-se lesado e injustiçado nesta decisão do Governo Civil levou então a questão a tribunal, perdendo em 1ª e 2ª instância. (estava-se no tempo de Américo Tomás e Marcelo Caetano e consequentemente da PIDE). No entanto no ano de 73 recorreu para o Supremo Tribunal e ganhou a questão, podendo assim continuar a fazer os martelinhos que se tornaram tradição popular não só no S. João do Porto, como no S. João de Braga, Vila do Conde, Carnaval de Torres Vedras, Passagens de ano, campanhas de partidos políticos, etc.
Os martelos sofreram inúmeras alterações ao longo dos anos mas a tradição ficou e a sua história perdeu-se com o tempo....

segunda-feira, junho 21, 2010

domingo, junho 20, 2010

sábado, junho 19, 2010

sexta-feira, junho 18, 2010

Côr de José Saramago .



No dia seguinte ninguém morreu .

Eram onze horas quando a campaínha da porta tocou .
Algum vizinho com problemas , pensou o violoncelista ,
e levantou-se para abrir .
Boas noites , disse a mulher do camarote. Boas noites , respondeu o músico , esforçando-se por dominar o espasmo que lhe contraía a glote .
Como vê resolvi ficar _ respondeu a mulher _ Mas partirá amanhã , a isso me comprometi . Suponho que veio para me entregar a carta , que não a rasgou _ Sim , tenho-a aqui na minha bolsa . Dê-ma então _
Temos tempo . Atrevo-me a pedir-lhe um favor . Compense-me de ter faltado ontem ao concerto _ Não vejo de que maneira _


Tem ali um piano . Nem pense nisso , sou um pianista mediocre .
Ou o vioncelo . É outra coisa , sim poderei tocar - lhe uma ou duas peças .
Posso escolher , perguntou a mulher . Sim ...
A mulher pegou no caderno da suite número seis de bach ...

/
Quando ele terminou , as mãos dela já não estavam frias , as suas ardiam , por isso foi que as mãos se deram às mãos e não se estranharam. Passava muito da uma hora da madrugada , quando o violoncelista perguntou... Quer que chame um táxi para a levar ao hotel, e a mulher respondeu. Não , ficarei contigo, e ofereceu-lhe a boca. Entraram no quarto , despiram-se e o que estava escrito que aconteceria , aconteceu enfim , e outra vez , e outra ainda .Ele adormeceu , ela não. Então ela, a morte , levantou-se , abriu a bolsa que tinha deixado na sala e retirou a carta de cor violeta. Olhou em redor como se estivesse à procura de um lugar onde a pudesse deixar, sobre o piano , metida entre as cordas do violoncelo , ou então no próprio quarto , debaixo da almofada em que a cabeça do homem descansava.
Não o fez .
Saiu para a cozinha , acendeu um fósforo , um fósforo humilde , ela que poderia desfazer o papel com o olhar , reduzi-lo a uma implacável poeira , ela que podia pegar- lhe fogo só com o contacto dos dedos , e era um simples fósforo, o fósforo comum, o fósforo de todos os dias , que fazia arder a carta da morte, essa que só a morte poderia destruir. A morte voltou para a cama , abraçou-se ao homeme , sem compreender o que lhe estava a suceder, ela que nunca dormia , sentiu que o sono lhe fazia descair suavemente as pálpebras.

No dia seguinte ninguém morreu.
!
*
José Saramago _ As intermitências da morte _

*
*
Mas Hoje ... ... morreu ...



José Saramago !

segunda-feira, junho 14, 2010

domingo, junho 13, 2010

Côr de Fernando Pessoa .


*
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
/
Cumpriu-se o Mar , e o Império se desfez.
Senhor ,
falta cumprir-se Portugal !
*
*
Fernando Pessoa

sábado, junho 12, 2010

Côr de a carta .


*

Henrique Buenaventura estava bebendo rum
numa taverna de Cali , quando um desconhecido
se aproximou da mesa .
O homem se apresentou , era pedreiro de ofício ,
perdoe o atrevimento , desculpe o incómodo ...
_ Preciso que o senhor escreva uma carta para mim .
Uma carta de amor _
_ Eu ?
_ É que me disseram que o senhor sabe .
Enrique não era um especialista , mas inchou o peito .
O pedreiro explicou que não era analfabeto .
_ Eu sei escrever , isso eu sei . Mas uma carta assim ,
não sei .
_ E para quem é a carta ?
_ Para ... ela .
_ E o que o senhor quer dizer ?
_ Se eu soubesse , não precisava pedir .
Henrique coçou a cabeça .
Naquela noite , pôs as mãos à obra .
No dia seguinte o pedreiro leu a carta ...
_ isso _
disse , e seus olhos brilharam .
_ Era isso mesmo .

Mas , eu não sabia que era isso o que eu queria dizer !



Eduardo Galeano _ Bocas do Tempo _

quinta-feira, junho 10, 2010

Côr de Camões .



*
Cá nesta Babilónia , donde mana
Matéria a quanto mal o mundo cria ,
Cá , onde o puro Amor não tem valia ,
Que a Mãe , que manda mais, tudo profana .
Cá , onde o mal se afina , o bem se dana ,
E pode mais que a honra a tirania .

Cá , onde a errada e cega Monarquia
Cuida que um nome vão a Deus engana .
Cá , neste labirinto , onde a Nobreza ,
O Valor e o Saber pedindo vão
Às portas da Cobiça e da Vileza .

Cá , neste escuro caos de confusão ,
Cumprindo o curso estou da natureza.

Vê se me esquecerei de ti , Sião
!



Luis Vaz de Camões

domingo, junho 06, 2010

sábado, junho 05, 2010

Côr de somos todos UM .

*

*

... ... não são recursos naturais , são _ familia _ ... ...

quinta-feira, junho 03, 2010

Côr de Louise Bourgeois .



Aqui estão as mãos.
São os mais belos sinais da terra.
Os anjos nascem aqui ...
/
Alguns pensam que são as mãos de Deus .
Eu sei que são as mãos de um homem,
trémulas barcaças onde a água,
a tristeza e as quatro estações
penetram , indiferentemente.
/
cheiram a madressilva .
São o primeiro homem , a primeira mulher.
E amanhece.

*
*
Eugénio de Andrade

terça-feira, junho 01, 2010

Côr de 1 de junho .








Pede-se a uma criança ...
Desenha uma flor!
Dá-se-lhe papel e lápis.
A criança vai sentar-se no outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo o papel está cheio de linhas. Umas numa direcção , outras noutras .Umas mais carregadas , outras mais leves , umas mais fáceis , outras mais custosas. A criança quis tanta força em certas linhas que o papel quase que não resistiu.
Outras eram tão delicadas que apenas o peso do lápis já era de mais.

Depois a criança vem mostrar essas linhas às pessoas ... uma flor
!
As pessoas não acham parecidas estas linhas com as de uma flor !


Contudo , a palavra flor andou por dentro da criança , da cabeça para o coração e do coração para a cabeça , à procura das linhas com que se faz uma flor , e a criança pôs no papel algumas dessas linhas , ou todas.

Talvez as tivesse posto fora dos seus lugares , mas são aquelas as linhas com que Deus faz uma flor
!


Almada Negreiros


Deus fez o mesmo com os homens . Colocou linhas ou ideias nas suas cabeças , para que a partir daí surgissem compromissos e leis .

Um desses compromisso , foi o assumido por 71 presidentes e chefes de Estado, além de representantes de 80 países durante o Encontro Mundial de Cúpula pela Criança , realizado dias 28 e 29 de setembro de 1990 , na sede das Nações Unidas , para a década de 90, de melhorar a saúde de crianças e mães, combater a desnutrição e o analfabetismo e erradicar as doenças que vêm matando milhões de crianças a cada ano .

As linhas foram da cabeça para o papel .

No papel nada se resolve .Têm de passar pelo coração e vontade de todos .
Têm que deixar de ser apenas um compromisso , e transformar - se numa realidade .
Há sítios , que esta mesma realidade se encontra numa fragilidade extrema , e outros , completamente nula .

Deus , ajuda-nos a saber ajudar , mas diáriamente !