Despediram - se do ano que parte , como convém ,
e
esperam o novo , desejando que seja portador ,
________________ para todos ____________
daquilo que de mais importante considerem para
as suas vidas !
A _ cor _ dar , é preciso !
Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro. Ele é a Eterna Criança , o deus que faltava. Ele é o humano que é natural , Ele é o divino que sorri e que brinca. E por isso é que eu sei com toda a certeza Que ele é o Menino Jesus verdadeiro. E a criança tão humana que é divina A Criança Nova que habita onde vivo . Dá-me uma mão a mim E a outra a tudo que existe E assim vamos os três pelo caminho que houver, Saltando e cantando e rindo E gozando o nosso segredo comum Que é o de saber por toda a parte Que não há mistério no mundo E que tudo vale a pena. A Criança Eterna acompanha-me sempre A direção do meu olhar é o seu dedo apontando. O meu ouvido atento alegremente a todos os sons Damo-nos tão bem um com o outro Na companhia de tudo Que nunca pensamos um no outro, Mas vivemos juntos e dois Com um acordo íntimo Como a mão direita e a esquerda. Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas No degrau da porta de casa . Graves como convém , E como se cada pedra Fosse todo um universo , E fosse por isso um grande perigo para ela Deixá-la cair no chão. Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens E ele sorri, porque tudo é incrível. Ri dos reis e dos que não são reis, E tem pena de ouvir falar das guerras, E dos comércios, e dos navios Que ficam fumo no ar dos altos - mares Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade Que uma flor tem ao florescer . E que anda com a luz do sol A variar os montes e os vales . Depois ele adormece e eu deito-o. Levo-o ao colo para dentro de casa E deito-o, despindo-o lentamente E como seguindo um ritual muito limpo , E todo materno até ele estar nu. Ele dorme dentro da minha alma . Quando eu morrer , filhinho, Seja eu a criança, o mais pequeno. Pega-me tu ao colo E leva-me para dentro da tua casa. Despe o meu ser cansado e humano E deita-me na tua cama. E conta-me histórias, caso eu acorde, Para eu tornar a adormecer. E dá-me sonhos teus para eu brincar Até que nasça qualquer dia Que tu sabes qual é. Esta é a história do meu Menino Jesus Por que razão que se perceba Não há de ser ela mais verdadeira Que tudo quanto os filósofos pensam E tudo quanto as religiões ensinam ? Alberto Caeiro _ Guardador de Rebanhos_ [excerto de Num meio dia de fim de primavera ] imagem _ Dorothy Lathrop _ |