A _ cor _ dar , é preciso !


quinta-feira, dezembro 31, 2009

Côr de pulo .



Mesmo sabendo que Deus dá o peso conforme
os ombros ,
dias , e neles minutos , que sentimos necessidade ,
não de palavras , mas de um forte abraço , para
aliviar um pouco esse mesmo peso .

Que
no pulo que daremos para sair deste ano e entrar
no próximo ,
consigamos dar e apanhar esse gesto tão curador ,
e que nos eleva ...

o
abraço ,
que vale uma vastidão de sentimentos
e
que nos trará um certo descanso ,
e
paz para o corpo e para alma .
Amem !

terça-feira, dezembro 29, 2009

Côr de Ginko .



Via -a
pela primeira vez , no chão do jardim das amoreiras , em Lisboa .
Apaixonei - me por ela . Naquela época era verde .
Apanhei três . Sequei-as e comecei a andar com uma , no pequeno caderno que sempre me acompanha .
Mais tarde descobri -as no Porto .

Registei - a em papel , com várias técnicas , tela , gravei-a e pintei - a em vidro e madeira , em estanho e por fim , escolhi - a , para as minhas primeiras gravuras .

Por estranho que pareça nunca quis saber sobre ela a não ser o nome .
Há dias " deu - me " para pesquisar ... ...

_ ... é uma árvore considerada um fóssil vivo. É símbolo de paz e longevidade, por ter sobrevivido as explosões atômicas no Japão. Foi descrita pela primeira vez pelo médico alemão Engelbert Kaempfer, por volta de 1690, mas só despertou o interesse de pesquisadores após a Segunda Guerra Mundial, quando perceberam que a planta tinha sobrevivido à radiação em Hiroshima, brotando no solo da cidade devastada.
Espécie vegetal que combate os radicais livres e auxilia na oxigenação cerebral, dentre diversas plantas que funcionam na medicina alternativa. Nomes populares: Nogueira-do-Japão, árvore-avenca, ou simplesmente ginkgo. São árvores caducas, que perdem todas as folhas no inverno e atingem uma altura de 20-35 m (alguns espécimes, na China, chegam a atingir os 50 m). Foram durante muito tempo consideradas extintas no meio natural, mas sabe-se hoje em dia que existem duas pequenas zonas na província de Zheijian (China) que albergam exemplares desta espécie. Goethe, famoso cientista, filósofo, poeta e botânico alemão, escreveu um poema sobre ele em 1815, falando da unidade-dualidade, simbolizada na folha do Ginkgo." _

Depois deste saber , e de uma amiga me ter dito que esta atracção que sempre senti , pode significar ...que podemos ter energias semelhantes ?!!! ,
quando há dias , mais uma vez a desenhava , pensei ... _ ou sou muito poderosa ou um fóssil vivo , também .
Mas menos adaptada , no momento , que esta esplendorosa árvore .

Eis o poema de Goethe


Após a pesquisa , apercebi - me que há muitíssimas pessoas a gostarem desta árvore [ com a mesma paixão, não sei ] .Sabem e fazem muito com ela .
Continuo a amá-la , mas precisava de menos informação ... para continuar a sonhar !

segunda-feira, dezembro 28, 2009

Côr de conhecer .



Os fins entristecem-me. Viver as coisas até ao fim é matá-las.

E trocá-las por outras novas , é traí-las.
Se acabo um livro, sinto-me derrotado, fico deprimido, queria que continuasse, e não continua. Reler não é a mesma coisa. Lembrar não é tão bom como viver. Mas é melhor do que m
atar. Repugna-me a ideia das relações humanas que se «esgotam». Como se um sentimento se pudesse despachar.
É preferível abandonar a pessoa que se ama e guardar o amor que se tem por ela a segui-la até à saciedade.
As pessoas namoram e ficam casadas até se odiarem. Os amigos convivem de mais e começam a chatear-se. As famílias passam tempo de mais juntas, até descobrirem todos os defeitos de cada uma. Dir-se-ia que as pessoas
não suportam ter o coração dependente e então cansam- -no propositadamente , para se verem livres do sentimento verdadeiro e bom que sentiam.

Nunca se deve conhecer nada a fundo. Não falando na pretensão de pensar que se pode conhecer. Quando se diz «Conheço-o como as palmas das minhas mãos», há sempre uma insinuação feia e negativa.
Gosto das primeiras impressões, sobretudo quando se vão repetindo ao longo dos tempos. Odeio e evito as descobertas, género «Descobri que Fulano era afinal um malandro». Este afinal, com o seu tom peremptório e arrogante, como se fosse possível definir definitivamente um ser humano, irrita-me. É um acto de amizade não estar sempre a vasculhar e a reinterpretar os amigos. Toda a gente sabe que as pesso
as são polifacetadas mas porque não restringirmo-nos à faceta que conhecemos de que mais gostamos?

Mas as pessoas
não devem aguentar o amor, porque, mal amam, logo procuram destruí-lo com a falsa noção do conhecimento.

Não é por se estar mais próximo que se está mais próximo da verdade.
A verdade é aquilo em que acreditamos. Quem acredita ainda na distinção entre conhecimento e fé ? Porquê provocar, remexer no passado, fazer perguntas ? É como se as pessoas quisessem destruir o que as comove. É esse o sentido da frase de Wilde, que cada pessoa mata aquilo que ama. E tudo o que ele diz sobre a superfície é profundo.

Gosto de tudo a que chamam «cerimónia» e «boa educação». Odeio-me quando cedo a ler biografias de escritores que admiro. Tenho a certeza que a chamada «face» pública, que é a obra , que é o rosto que mostram, é não só mais bonita como mais verdadeira que as pesquisas arqueológicas que tencionam revelar o lado particular com a ideia de que esta está escondida, é clandestina, e deita luz sobre o que já se sabe.


Em boa verdade, eu não sei por que é que um pássaro voa, nem quero saber. Voar já é tanto.
Explicar o voo morfologicamente é reduzi--lo , é fazê-lo aterrar. O que é banal para o pássaro tem de continuar a ser maravilhoso para nós.

A vida é muito complicada e o nosso coração precisa de simplificá--la , sem ter medo de se «enganar». É preciso resistir à curiosidade e à arrogância. Conhecer deveria ser só o primeiro passo.



Miguel Esteves Cardoso _ Com alguns cortes _

domingo, dezembro 27, 2009

quarta-feira, dezembro 23, 2009

Côr de lamento .


Andamos
todos tão áridos ,
que se alguém entrar em nós ,

nem uma pedra encontra ,
para
encostar a cabeça !

terça-feira, dezembro 22, 2009

Côr de Natal .



Nasceu
Foi numa cama de folhelho
entre lençois de estopa suja
num pardieiro velho.
Trinta horas depois a mãe pegou na enxada
e foi roçar nas bordas dos caminhos
manadas de ervas
para a ovelha triste.
E a criança ficou no pardieiro
só com o fumo negro das paredes
e o crepitar do fogo,
enroscada num cesto vindimeiro,
que não havia berço
naquela casa.

E ninguém conta a história do menino
que não teve
nem magos a adorá-lo
nem vacas a aquecê-lo,
mas que há-de ter
muitos Reis da Judeia a persegui-lo.
Que não terá coroas de espinhos
mas coroas de baionetas
postas até ao fundo do seu corpo.

Ninguém há-de contar a história do menino.
Ninguém lhe vai chamar Salvador do Mundo
!


Alvaro Feijó _ Dezembro de 1940_


Não ,
a este menino não deve ter acontecido o que se narra , quando se fala de
Jesus Cristo .
Mas , provavelmente , se alguém , um dia , se lembrou do dia do seu nascimento e o festejou , ainda que modestamente , todos fizeram questão da
sua presença , e as ofertas , se existiram , foi a ele que foram entregues. Se beberam , foi em sua honra e não de outro convidado , ainda que simpático e bonacheirão .
Acredito , ou melhor , quero acreditar , que não houve sacrifício de outros seres vivos , nesta celebração .
E quando o abraçaram , foi com um forte abraço de alegria e não porque era
tradição .

segunda-feira, dezembro 21, 2009

Côr de cheia de graça .



Ave Maria _ cheia
de graça no teu corpo que me deste ,
no fogo que te veste ,
um manto que rasgou o meu desejo .
O Senhor
é contigo !
Ora Senhor ,
implora o liame da caricia ,
ora escravo , te ordena
a cedência das graças de ti mesma .
Bendito será o fruto do teu ventre ...
se fruto houver !
Pela graça do teu corpo _ que me deste
em troca do desejo que me veste _
bendita serás tu por seres mulher !


Alvaro Feijó

domingo, dezembro 20, 2009

sábado, dezembro 19, 2009

Côr de flor da papoila .



Adoeceste
e não há nada a fazer ... vais morrer .
O que te resta de vida poderá contar-se por meses ... e já não por anos .
Os que te amam sabem - no e choram ás escondidas , para tu não saberes que eles sabem .E tu sabes e choras às escondidas , para eles não saberem que tu sabes .
Despedes-te .
Ficas longamente a olhar os objectos que amaste. Olhas pela janela o guaiaco de de folhas ainda verdíssimas e sabes que já não haverá tempo para tornares a vê-lo furioso de amarelo .
Despedes - te
Imperceptivelmente , despedes-te das coisas e pessoas .
Olhas com a nostalgia da ultima vez .
Passado algum tempo , gostarias de abreviar o sofrimento , mas não és capaz .
Os que que experimentaram ópio sustentaram que _ o único real é a dor _ !
É bom que suprimas a dor , isto é , a realidade .
A receita é o ópio .
Tens o direito de te despedires da vida calmamente .
A receita provém da flor da papoila .


Héctor A. Faciolince _ Receitas de Amor para mulheres tristes _

sexta-feira, dezembro 18, 2009

Côr de envenenando o dia .


/
Tão longe meu amor , te quis da minha imperfeição ,
da minha crueldade , desta miséria de ser por intervalos a imensa altura para que me arrebatas ,
_ meu palpitar à beira da alegria , meu reflexo nas águas tranquilas da liberdade imaginada _ ,
tão longe , que já não meus erros regressem como verdade , envenenando o dia a dia alheio .

Tão longe meu amor , tão longe ,
Quem de tão longe alguma vez regressa ?!

E quem ó minha imagem , foi contigo ?

De mim a ti , de ti a mim,
quem de tão longe alguma vez regressa ?


Jorge de Sena _ Quinze poetas portugueses do século X X _

quinta-feira, dezembro 17, 2009

Côr de ... recusa .



Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.

Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda.


Maria Teresa Horta

quarta-feira, dezembro 16, 2009

Côr de preservar .


Uma relação nem sempre termina porque não é feliz.
Por vezes ,
termina , para preservar na memória o que foi ...

a
felicidade !

terça-feira, dezembro 15, 2009

Côr de sabedoria .



O
conhecimento gratifica o ego .
E
a sabedoria só acontece quando esse mesmo ego está esquecido ou , melhor ainda , desaparecido .
O conhecimento pode ser ensinado e aprendido , nas escolas e escritos que existem para tal .

A sabedoria não . Ela entra em nós , como uma doença, através da pele , dos sentidos , ou melhor ainda, dos olhos da Alma .
E quando mais desprevenidos , desarmados e abertos estivermos .

Nessa altura alguma coisa começa a acontecer no nosso interior .
Aquela coisa chamada desapego
e
a
não necessidade de afirmação .

domingo, dezembro 13, 2009

sábado, dezembro 12, 2009

Côr de ela sabe .



Observando alguns adultos que conheço ,
estou mais interessada em ensinar a uma criança ,
a olhar uma flor , o calor de um sorriso , o valor de um abraço , a ternura de um obrigada , o carinho da verdade , a calma de acarinhar um animal , a amar o sol e a chuva , o gostar da magia do faz de conta , o não ter medo do sentir , a maravilha de sonhar , a alegria de acreditar ,

e
sobretudo
que
dentro dela , existe um mundo inteiro a ser explorado ,

que
1 + 1 = 2 ,

porque isso ,
ela sabe !

quinta-feira, dezembro 10, 2009

Côr de abro mão .



Quero apenas cinco coisas . . .
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos.
Não quero ser... sem que me olhes.

Abro mão da primavera
para
que
continues me olhando.



Pablo Neruda

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Côr de envolvência .



Na vida ,
muitas vezes , basta ser ...

Colo que acolhe,
Braço que envolve,
Palavra que conforta,
Silêncio que respeita,
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia,
Desejo que sacia,
Amor que promove.


Cora Coralina

Basta !?
Mas são estes os seus pilares .

terça-feira, dezembro 08, 2009

Côr de oração

Senhor ,
concedei-me
Serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar .

Coragem para modificar as que posso,
e
Sabedoria para perceber a diferença.

Ámen.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Côr de poeta castrado ... Não !



Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação ...
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem ...
Poeta castrado
não
!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo ...
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena ,
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso ...

Da fome já não se fala
_ é tão vulgar que nos cansa _
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança
?

Do frio não reza a história
_ a morte é branda e letal _
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm
?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
_ Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia ,
um filho que vai nascer
parido por asfixia
?!
_ Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia
!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação ...
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado Não
!


José Carlos Ary dos Santos

O homem , faria , hoje , setenta e três anos . Os seus poemas continuam , e sem idade .

domingo, dezembro 06, 2009

sábado, dezembro 05, 2009

Côr de como ... boca .



Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.


Alexandre O´Neill

sexta-feira, dezembro 04, 2009

Côr de apenas .



Um mestre oriental viu que um escorpião estava a afogar-se e decidiu tirá-lo da água.
Mas quando o fez , o escorpião picou-o.
Reagindo à dor, o mestre soltou o animal e ele caiu de novo à água, afogando-se.
De novo o mestre tentou tirá-lo e mais uma vez o animal o picou.
Alguém que estava a observar a cena aproximou-se do mestre e disse ...
_ Desculpe-me mas o senhor é teimoso ! Não vê que todas as vezes que tentar tirá-lo da água ele irá picá-lo ? _
O mestre respondeu ... _ Ele age de acordo com a sua natureza.
A natureza do escorpião é picar e isso não vai mudar em nada a minha natureza , que é ajudar _
Então , com a ajuda de uma folha o mestre tirou o escorpião da água e salvou-lhe a vida.

Não mudemos a nossa natureza
se
alguém nos magoar ,
tomemos , apenas ,
precauções.



Ramiro Calle _ Contos espirituais do Oriente _ .

terça-feira, dezembro 01, 2009

Côr de Cansaço .



Por trás do espelho quem está
De olhos fixados nos meus
?

Alguém que passou por cá
E seguiu ao deus-dará
Deixando os olhos nos meus.
Quem dorme na minha cama,
E tenta sonhar meus sonhos
?
Alguém morreu nesta cama,
E lá de longe me chama
Misturada nos meus sonhos.
Tudo o que faço ou não faço,
Outros fizeram assim
Daí este meu cansaço
De sentir que quanto faço
N
ão é feito só por mim.



Luís Macedo / Joaquim Campos  

*
Amiga , não é o seu preferido , mas continua a ser Amália .