sim , por um momento seremos a dor de tudo isto ...
Eu não sei porque me caem as lágrimas ,
porque tremo e que arrepio corre dentro de mim ,
eu que não tenho parentes nem amigos na guerra ,
eu que sou estrangeiro diante de tudo isto ,
eu que estou na minha casa sossegada ,
eu que não tenho guerra à porta ,
_ eu porque tremo e soluço ?
Quem chora em mim , dizei _ quem chora em nós ?
/
E se tudo é igual aos dias antigos,
apesar da Europa à nossa volta , exangue e mártir ,
eu pergunto se não estaremos a sonhar que somos gente ,
sem irmãos nem consciência , aqui enterrados vivos ,
sem nada senão lágrimas que vêm tarde . . .
Adolfo Casais Monteiro
imagem _ Christian Schloe _
2 comentários:
Gostei de ouvir a peça do post anterior, que desconhecia...assim como não sabia deste poema , que poderia ter sido escrito hoje e onde se poderia substituir Europa pelo Médio Oriente...
Amiga, bom fim de tarde :)
Há os que pensam ser gente mas não passam de simulacros.
Mas depois? Depois temos gente de verdade. Gente que sofre e luta, gente que cerra os dentes de dor e de raiva, mas vai em frente, sempre.
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