Não faz muito que foram descobertos, na sequidão
do que antigamente foi a praia de Zumpa, no Equador .
E aqui estão , a todo sol , para quem quiser vê-los . . .
um homem e uma mulher descansam abraçados,
dormindo amores , há uma eternidade.
Escavando o cemitério dos índios, uma arqueóloga
encontrou este par de esqueletos de amor atados.
Há oito mil anos que os amantes de Zumpa cometeram
a irreverência de morrer sem se desprender , e qualquer
um que se aproxime pode ver que a morte não lhes
provoca a menor preocupação .
É surpreendente sua esplêndida formosura ,tratando-se
de ossos tão feios no meio de tão feio deserto, pura
aridez e cinzentice e surpreendente modéstia .
Estes amantes , adormecidos no vento , parecem não
ter percebido que eles têm mais mistério e grandeza
que as pirâmides de Teotihuacán ou o santuário de
Machu Picchu ou as cataratas do Iguaçu.
Eduardo Galeano _ Mulheres _
imagem _ net _
2 comentários:
Eterno abraço!!!!
Bjbj Lusette
Mas que grande verdade!!!! Mas que cor tão linda, apesar de triste! Morreram abraçados, com toda a certeza , não de morte natural, pois a vida nunca nos dá a possibilidade de morrermos abraçados a quem amamos , no mesmo instante, com os minutos necessários para dar o abraço. Podemos até escolher morrer assim e conhecemos casos em que isso acontece, mas não foi a vida que decidiu, mas sim os amantes. Concordo, esta foto é mais bonita, mais importante que todos os monumentos aqui enumerados. Adorei, amiga! Muito profunda esta cor, embora sem brilho. Mas que importam o brilho, o colorido? Nada, comparando com a importância da mensagem, Beijinhos
Emilia
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