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quinta-feira, novembro 02, 2017

Côr de a busca da justiça continua




























O
 primeiro  tema da  reflexão  grega  é a  justiça .

E eu penso nesse instante em que ficaste exposta
Estavas grávida porém não recuaste
Porque a tua lição é esta . . . fazer frente .

Pois  não  deste  homem  por  ti
E  não  ficaste  em  casa  a  cozinhar   intrigas
Segundo  o  antiquíssimo  método  oblíquo das mulheres
 Nem  usaste   de  manobra  ou  de  calúnia
E  não  serviste  apenas  para  chorar  os  mortos .
 
Tinha  chegado  o  tempo
Em  que  era  preciso  que  alguém  não  recuasse
E  a  terra  bebeu  um  sangue  duas  vezes   puro .

Porque  eras  a  mulher  e  não  somente a  fêmea
Eras  a inocência   frontal   que  não  recua .


Antígona  poisou  a  sua  mão  sobre  o  teu  ombro 

no  instante em que morreste .


E    a  busca  da  justiça   continua  . 








Sofia de  Mello B . Andresen . 
imagem  _   net  _

5 comentários:

Emília Pinto disse...

E tanta injustiça há e uma busca constante por ela se faz, mas, se às vezes se consegue nos tribunais , ela não nos apazigua e continuamos a perguntar : porquê?. A dor fica e uma enorme mágoa também e só o tempo consegue amainar o sofrimento da injustiça, mas não esquecer. Belo poema, mas triste, Maria. Espero que a justiça seja encontrada e a paz serene os corações de quem se sente tão injustiçado. Beijinhos, amiga.
Emilia

Luis Filipe Gomes disse...

É um poema grande, como um safanão à inermidade em que nos acomodamos.

AC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
AC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
AC disse...

Os precursores são sempre trucidados pela normalidade do seu tempo. Catarina sabia-o e não recuou, abrindo brechas para quem vinha a seguir.

Uma excelente aemana, Maria! :)