A _ cor _ dar , é preciso !


segunda-feira, dezembro 31, 2018

Côr de suster o Mundo




















Que
as   nossas  mãos  aqui  estejam   presentes ,
e
que    não    desistam  .





imagem  _   Silvia   Ciananni  _

sexta-feira, dezembro 28, 2018

Côr de Amém





















Liberdade , que estais no céu ...
Rezava o padre-nosso que sabia ,
A pedir-te , humildemente ,
O pio de cada dia .
Mas a tua bondade omnipotente
Nem me ouvia .

Liberdade , que estais na terra ...
E a minha voz crescia
De emoção .
Mas um silêncio triste sepultava
A fé que ressumava
Da oração .

Até que um dia , corajosamente ,
Olhei noutro sentido , e pude, deslumbrado ,
Saborear , enfim ,
O pão da minha fome .

Liberdade, que estais em mim,
Santificado seja o vosso nome .   





Miguel Torga,
imagem  _  Pam   Hawkes  _ 



Amém

terça-feira, dezembro 25, 2018

Côr de musica que gosto


Côr de Gente necessária










Ontem ,
fui   ao  mercado   cá  da  terra ,  para  comprar   tremoços .
Faço - o   há  anos   no  sítio  da  mesma  Senhora .
Já  vinha  embora ,  quando  escutei . . .
 _ A  senhora   tem   coisas  mais  bonitas  e  valiosas ,  mas
gostava  de   lhe   oferecer   isto _ .
Quando  olhei   para   "  isto  " . . .
dei - lhe   um  abraço  e  balbuciei   obrigada   , enquanto  
as  lágrimas  queriam  saltar dos   olhos .

Foi  o  único  presente   que  aceitei  [  pedi  aos  amigos  e   conhecidos
que  não  me   oferecessem  objectos  ,apenas  afecto ,  caso  possível]



Coloquei - o   junto   do  único  que  tinha ,   e   guardo   com    
carinho ,  porque   também   tem   uma   estória   especial .















 



Ontem   fiquei   com   o  coração   mais   quente  ...
 e    mais   uma   vez ,   com   a  certeza   que   os
anjos    existem ,  e  que   aparecem   quando  
estamos   quase   a  cair .   

domingo, dezembro 23, 2018

Côr de segunda visitação de Jesus



















E
Ele  desce  .
Chega   num    guarda   chuva   aberto  .
Um   vento  inesperado  mantém - no  a
flutuar  algum  tempo  sobre  o  gentio .
Agarrado  ao  guarda  chuva  com  ambas
as  mãos ,  o  filho  de  Deus  não   consegue
evitar  que  o  vento  lhe  levante  a  túnica  
e  revele   as   suas  humanas   nudezas . 
Por  causa  do  vento ,  cai  na  fonte .
Os  devotos  mudos   diante  do   milagre ,
vêem - no  emergir   das  águas  entre  os
anginhos  de   mármore .
Jesus   sacode -  se  como   um  cachorro  
molhado .
As  pessoas  assistem  imóveis  ao  espectáculo .
Imóveis  e   caladas .
Na  praça ,  santuário  das  aparições ,
os  pobres  querem  ser   ricos 
e   os  ricos  querem  ser  poucos ,
os   negros   querem  ser  brancos  
e  os  brancos   querem  ser  eternos ,
as  crianças   querem  ser  grandes
e  os  grandes  querem  ser  crianças ,
os   solteiros  querem  casar - se
e  os  casados   querem  enviuvar .

_   Habitados  habitantes ! _  clama   Jesus ,
_  Ontem   direi  o   que   digo !
Vós   estamos   loucos  !






Eduardo  Galeano   _  As   palavras  andantes  _
imagem  _  Loui   Jover  _

quinta-feira, dezembro 20, 2018

Côr de musica que gosto


Côr de Natal . . .
















 



As
luzes  ,  os  enfeites  ,  acompanhando
as  frases  . . .
neste  Natal  compre  ,  neste  Natal   ofereça , 
sugestões  para  presentes da ultima hora  . . .
o  me  deixam  ver  o   Natal  !
 





imagem   _Katia  Chausheva   _

domingo, dezembro 16, 2018

Côr de paixão























As
palavras   são   necessárias ,

mas  sou  completamente  apaixonada  por  atitudes .

quinta-feira, dezembro 13, 2018

Côr de o nosso humor




















A diferença entre a poesia e a prosa está  no leitor ,
e
até mesmo ,  naquilo que é  chamado qualidade .


Daí ,   precisarmos  de  calma   para  ter  alma   !





imagem  _  Jonathan   Wolstenholme  _

sábado, dezembro 08, 2018

Côr de crianaça evaporada



















Era   uma  menina
com  a  tristesa
                         afiada  ,

silenciosa  e  bravia
tão  magra
quanto  uma  haste

com  a  sua  flor   arrancada .

Delicada  e  arredia
olhos  
de  tília  dobrada

e  uma  certa  aspereza
fria
de  criança  evaporada  .  








Maria  Teresa  Horta  _  Estranhezas  _ 
imagem  _  Tania  B  _

Côr de Asa



















De súbito
                Dürer...
a asa que pintaste
                             há séculos
ganha voo
com a sua dúctil
e indócil beleza

Com a sua estranheza




Maria   Teresa  Horta  _   Estranhezas  _
imagem  _   Albert   Dürer  _

sexta-feira, novembro 30, 2018

Côr de dez reis de esperança


 
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem ,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse .
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente ,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela ,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela ,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram , viram , ouviram ,
viram , e não perceberam ,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto ,
flores sem caule , flutuando
no pranto do desencanto ,
se não fosse  a  fome  e a sede
dessa humanidade exangue ,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue .






António  Gedeão 
imagem _   Isaiah  Stepens  _

quinta-feira, novembro 22, 2018

Côr de Miura ( não esquecendo o cavalo )
























Fez um esforço. 
Embora ardesse num formigueiro de desespero fez um esforço e mediu com quanta calma pôde a situação .
Estava, pois, encurralado, entre quatro paredes, sem poder dar um passo, à espera de que lhe chegasse a vez! Um ser livre da lezíria, um toiro nado e criado na planície sem fim do Ribatejo, de gaiola como um passarinho, condenado a divertir a multidão!
Contra sua vontade, uma onda de calor tapou-lhe o entendimento por um segundo. O corpo, inchado de raiva, empurrou as paredes como um Sansão.
Nada. Os muros eram resistentes, à prova de quanta força e quanta justa indignação pudesse haver. Os homens, só assim: ou montados em cavalos velozes e defendidos por arame farpado, ou com paredes de cimento armado entre eles e a razão dos mais...
Palmas e música lá fora. O Malhado dava gozo às senhorias...
Nova agitação funda o estremeceu inteiro. Dali a nada, ele. Ele, Miura, o rei da campina!
A multidão calou-se. Começou a ouvir-se, sedante, nostálgico, o som grosso e pacífico das chocas.
A planície!... A infinita e mansa planície, loira de sol e trigo... O lago sem fundo de luar, com bocas mudas, limpas, a ruminar o tempo… A fornalha escaldante, sedenta, desesperante, com cega-regas ásperas como praganas…
Novamente o silêncio. Depois, ao lado, passos incertos de quem entra vencido e humilhado no primeiro buraco...
Outra vez o silêncio. O silêncio fundo, pesado, de desgraça que ainda não acabou.
A planície...
Um som fino de corneta.
Estremeceu. Seria agora? Teria chegado, enfim, a sua vez?
Não chegara. A porta que se abriu não foi a sua, e o rugido de desespero que se ouviu a seguir era do Bronco.
Sem querer, cresceu outra vez todo para as paredes estreitas do curro. Mas a indignação e os músculos deram em pedra fria.
A planície... O bebedoiro da Terra-Velha, fresco, com água limpa a espelhar os olhos...
Assobios.
O Bronco não fazia bem o papel...
Um toque estranho, triste, calou a praça e rarefez o curro.
Rápida e vaga, a sombra do companheiro passou-lhe pela vista turva. Apertou-se-lhe o coração. Que seria?
Palmas, música, gritos.
Um largo espaço assim, com o mundo inteiro a vibrar para além daquelas paredes. Algum empo depois, novamente o silêncio e novamente as notas lúgubres do clarim.
Todo inteiro a escutar o dobre a finados, abrasado de não sabia que lume, Miura tentava em vão encontrar no instinto confuso o destino do amigo.
Subitamente, abriu-se-lhe sobre o dorso um alçapão, e uma ferroada fina, funda, entrou-lhe na carne viva. Cerrou os dentes de dor e cresceu quanto pôde.
Desgraçadamente, não podia nada. O senhor homem sabia bem quando e como as fazia. Mas por que razão o espetava daquela maneira?
Três pancadas secas na porta, um rumor de tranca que cede, uma fresta que se alargou, eram-lhe num relance a explicação do enigma da agressão: chegara a sua vez.
Nova ferroada no lombo.
 Miura! Cornudo!
Dum salto todo muscular, quase de voo, estava na arena.
Pronto!
A tremer como varas verdes, de cólera e de angústia, olhou à volta. Um muro e, para lá dele, gente, gente, sem acabar.
Com a pata nervosa escarvou a areia do chão. Um calor de bosta macia correu-lhe pelo rego do servidoiro. Urinou sem querer.
Gritos da multidão.
Que papel ia representar? Que se pedia do seu ódio?
Hesitante, um homem magro, doirado, entrou no redondel.
Olhou-o a frio. Que força traria no corpo mirrado, nas mãos amarelas, para se atrever assim a transpor a barreira?
A figura franzina avançou.
Admirado, Miura olhava aquela fragilidade de dois pés. Olhava-a sem pestanejar, olímpica e ansiosamente.
Com ar de quem joga a vida, o manequim de lantejoulas caminhava sempre. E, quando Miura o tinha já à distância dum arranco, e ainda sem compreender olhava um tal heroísmo, enfatuadamente o outro bateu o pé direito no chão e gritou:
- Eh! boi! Eh! toiro!
A multidão dava palmas.
- Eh! boi! Eh! toiro!
Tinha de ser. Já que desejavam tão ardentemente o fruto da sua fúria, ei-lo.
Mas o homem que visou, que atacou de frente, cheio de lealdade, inesperadamente transfigurou-se na confusão de uma nuvem vermelha, onde o ímpeto das hastes aguçadas se quebrou desiludido.
Cego daquele ludíbrio, tornou a avançar. E foi uma torrente de energia ofendida que se pôs em movimento.
Infelizmente, o fantasma, que aparecia e desaparecia no mesmo instante, escondera-se covardemente de novo por detrás da mancha atordoadora. Os cornos ávidos, angustiados, deram em cor.
Mais palmas da multidão.
Parou. Assim nada o poderia salvar. À suprema humilhação de estar ali, juntava-se o escárnio de andar a marrar em sombras. Não. Era preciso ver calmamente. Era necessário que a sua raiva fosse ao menos de encontro a uma das causas dela.
O espectro doirado lá estava sempre. Pequenino, com ar de troça, olhava-o como um brinquedo com que já brincara.
Silêncio.
Esperou. O homem ia desafiá-lo certamente outra vez.
Assim era. Inteiramente confiado, senhor de si, veio vindo, veio vindo, até lhe não poder sair mais do domínio dos chifres.
Agora!
De novo, porém, a nuvem vermelha apareceu. E de novo Miura gastou nela a explosão da sua dor.
Palmas, gritos.
Desesperado, tornou a escarvar o chão, agora com as patas e com os  galhos. 
O homem!
Mas o inimigo não desistia. Talvez para exaltar a própria vaidade, aparentava dar-lhe mais oportunidades. Lá vinha todo empertigado,  com dois pequenos paus apontados, e a gritar como há pouco:
- Eh! toiro! Eh boi!
Sem lhe dar tempo, com quanta alma pôde, lançou-se sobre o adversário, disposto a tudo. Não trouxesse ele a nuvem vermelha e veríamos!
Não trazia. E, por isso, quando se encontraram e o outro lhe pregou cachaço, fundas, dolorosas, as duas farpas que trazia nas mãos, tinha-lhe o corno direito enterrado na fundura da barriga mole.
Gritos. Novamente a nuvem vermelha.
Passada a bruma que se lhe fez nos olhos, relanceou a vista pela praça toda. 
Então?!
Como não recebeu qualquer resposta, desceu solitário à terra do seu martírio. Lá levavam o moribundo em braços, e lá saltava na arena outro farsante doirado.
Esperou. Se vinha sem o pano vermelho, sem a mágica força que o cegava e lhe perturbava o entendimento, morria.
Mas o outro trazia a nuvem.
Apesar disso, avançou. Avançou e bateu, como sempre, em algodão.
Voltou à carga.
O corpo fino do toureiro, porém, fugia-lhe demoniacamente.
Protestos da multidão.
Avançou de novo. Os olhos já lhe doíam e a cabeça já lhe andava à roda.
Humilhado, com o sangue a ferver-lhe nas veias, escarvou a areia mais uma vez, urinou e roncou, num desespero sem limites. Miura, joguete nas mãos dum zé-ninguém!
Num relâmpago, sem dar tempo ao farsante, caiu sobre ele. Mas quê! Como um gamo, o miserável saltava o muro.
Desesperado, espetou os chifres na tábua dura, em direcção à barriga do inimigo, que se ria do outro lado. Sangue e suor corriam-lhe pelo lombo abaixo. Que sorte!
Ouviu uma voz que o chamava. Quem seria? Voltou-se. Mas era um novo palhaço, que trazia também a nuvem, agora pequena e triangular.
Mesmo assim, quase sem tino e a saber que era em vão que avançava, avançou.
Deu, como sempre em fofo.
Renovou a investida. Em fofo, outra vez.
Parou. Mas então não poderia ter fim aquele inferno? Não poderia acabar a sua miséria?
Num último esforço, avançou quatro vezes. Nada. Apenas palmas ao actor.
Onde? Onde estaria o fim daquilo?
Subitamente, o adversário estendeu-lhe diante dos olhos raiados o brilho frio dum estoque.
Quê?! 
Pois poderia morrer ali, no próprio sítio da sua humilhação?! 
Os homens tinham dessas generosidades?!
Calada, a lâmina oferecia-se inteira.

Calmamente, num domínio perfeito de si, Miura fitou-a bem. 
Depois, fechou os olhos e, submisso, entregou o pescoço vencido ao alívio daquele gume.







domingo, novembro 18, 2018

Côr da Infância




















/
Onde  cairás  morta  ,   flor   da   infância  ?
De  súbito  faltam - me   as  palavras  .




Manuel   António   Pina 
imagem  _   Kate   GReenaway  _ 



Não   existem   palavras ,   para   descrever
a  dor   das   várias   mortes   desta   flor  .  

quinta-feira, novembro 15, 2018

Côr de ... sensibilidade e valentia ??? !!!




Entrega ,  em   08  de  Abril  de   2010 ,  da  medalha   da  cidade  a  um  cabo  de  forcados  por  . . .
"  sensibilidade  e  valentia  " ,  próprio  da  arte  taurina  !




E  
a    chamada   "   arte  "    continua   em    prol   da  "  defesa  e  liberdade  de  cada  um. "  ! .







 A

grandeza  de   uma nação  pode  ser  julgada  pelo  modo  que  seus animais  são   tratado(  Gandhi   )

domingo, novembro 11, 2018

Côr de vida limpa



















/

O  mundo  do ter  perturba  e  paralisa  e  desvia  em  seus  circuitos  
o  estar,  o viver, o  ser. 
Dai-me  a  claridade  daquilo  que  é  exactamente  o  necessário. 
Dai-me  a  limpeza  de  que  não  haja   lucro. 
Que  a  vida  seja  limpa  de  todo  o luxo  e  de  todo o  lixo. 


Chegou  o tempo  da  nova  aliança  com  a  vida. .









Sophia de Mello Breyner  _  Obra  Poética   _

imagem  _  Cipriano   Dourado  _