A _ cor _ dar , é preciso !


sexta-feira, novembro 30, 2018

Côr de dez reis de esperança


 
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem ,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse .
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente ,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela ,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela ,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram , viram , ouviram ,
viram , e não perceberam ,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto ,
flores sem caule , flutuando
no pranto do desencanto ,
se não fosse  a  fome  e a sede
dessa humanidade exangue ,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue .






António  Gedeão 
imagem _   Isaiah  Stepens  _

1 comentário:

CÉU disse...

Olá, querida Maria!

Espero e quero, k esteja bem e feliz, embora este tempo péssimo, frio e sem sol não dê ânimo a ninguém.

Gosto mto dos poemas de Gedeão, um professor de Física e Química, que soube tão bem interpretar a vida.
Neste poema, e embora tudo seja tão mau na vida, o poeta tem esperança, que lhe vem não sabe de onde.

A imagem, k encima o poema é digna de nota e bom gosto. Parabéns!

Beijos e melhor semana.