A _ cor _ dar , é preciso !
quinta-feira, dezembro 31, 2009
Côr de pulo .
terça-feira, dezembro 29, 2009
Côr de Ginko .
segunda-feira, dezembro 28, 2009
Côr de conhecer .
E trocá-las por outras novas , é traí-las.
Se acabo um livro, sinto-me derrotado, fico deprimido, queria que continuasse, e não continua. Reler não é a mesma coisa. Lembrar não é tão bom como viver. Mas é melhor do que matar. Repugna-me a ideia das relações humanas que se «esgotam». Como se um sentimento se pudesse despachar. É preferível abandonar a pessoa que se ama e guardar o amor que se tem por ela a segui-la até à saciedade.
As pessoas namoram e ficam casadas até se odiarem. Os amigos convivem de mais e começam a chatear-se. As famílias passam tempo de mais juntas, até descobrirem todos os defeitos de cada uma. Dir-se-ia que as pessoas não suportam ter o coração dependente e então cansam- -no propositadamente , para se verem livres do sentimento verdadeiro e bom que sentiam.
Nunca se deve conhecer nada a fundo. Não falando na pretensão de pensar que se pode conhecer. Quando se diz «Conheço-o como as palmas das minhas mãos», há sempre uma insinuação feia e negativa.
Gosto das primeiras impressões, sobretudo quando se vão repetindo ao longo dos tempos. Odeio e evito as descobertas, género «Descobri que Fulano era afinal um malandro». Este afinal, com o seu tom peremptório e arrogante, como se fosse possível definir definitivamente um ser humano, irrita-me. É um acto de amizade não estar sempre a vasculhar e a reinterpretar os amigos. Toda a gente sabe que as pessoas são polifacetadas mas porque não restringirmo-nos à faceta que conhecemos de que mais gostamos?
Mas as pessoas não devem aguentar o amor, porque, mal amam, logo procuram destruí-lo com a falsa noção do conhecimento.
Não é por se estar mais próximo que se está mais próximo da verdade. A verdade é aquilo em que acreditamos. Quem acredita ainda na distinção entre conhecimento e fé ? Porquê provocar, remexer no passado, fazer perguntas ? É como se as pessoas quisessem destruir o que as comove. É esse o sentido da frase de Wilde, que cada pessoa mata aquilo que ama. E tudo o que ele diz sobre a superfície é profundo.
Gosto de tudo a que chamam «cerimónia» e «boa educação». Odeio-me quando cedo a ler biografias de escritores que admiro. Tenho a certeza que a chamada «face» pública, que é a obra , que é o rosto que mostram, é não só mais bonita como mais verdadeira que as pesquisas arqueológicas que tencionam revelar o lado particular com a ideia de que esta está escondida, é clandestina, e deita luz sobre o que já se sabe.
Em boa verdade, eu não sei por que é que um pássaro voa, nem quero saber. Voar já é tanto. Explicar o voo morfologicamente é reduzi--lo , é fazê-lo aterrar. O que é banal para o pássaro tem de continuar a ser maravilhoso para nós.
A vida é muito complicada e o nosso coração precisa de simplificá--la , sem ter medo de se «enganar». É preciso resistir à curiosidade e à arrogância. Conhecer deveria ser só o primeiro passo.
Miguel Esteves Cardoso _ Com alguns cortes _
domingo, dezembro 27, 2009
quarta-feira, dezembro 23, 2009
Côr de lamento .
terça-feira, dezembro 22, 2009
Côr de Natal .
Foi numa cama de folhelho
entre lençois de estopa suja
num pardieiro velho.
Trinta horas depois a mãe pegou na enxada
e foi roçar nas bordas dos caminhos
manadas de ervas
para a ovelha triste.
E a criança ficou no pardieiro
só com o fumo negro das paredes
e o crepitar do fogo,
enroscada num cesto vindimeiro,
que não havia berço
naquela casa.
E ninguém conta a história do menino
que não teve
nem magos a adorá-lo
nem vacas a aquecê-lo,
mas que há-de ter
muitos Reis da Judeia a persegui-lo.
Que não terá coroas de espinhos
mas coroas de baionetas
postas até ao fundo do seu corpo.
Ninguém há-de contar a história do menino.
Ninguém lhe vai chamar Salvador do Mundo !
Alvaro Feijó _ Dezembro de 1940_
Não ,
a este menino não deve ter acontecido o que se narra , quando se fala de Jesus Cristo .
Mas , provavelmente , se alguém , um dia , se lembrou do dia do seu nascimento e o festejou , ainda que modestamente , todos fizeram questão da sua presença , e as ofertas , se existiram , foi a ele que foram entregues. Se beberam , foi em sua honra e não de outro convidado , ainda que simpático e bonacheirão .
Acredito , ou melhor , quero acreditar , que não houve sacrifício de outros seres vivos , nesta celebração .
E quando o abraçaram , foi com um forte abraço de alegria e não porque era tradição .
segunda-feira, dezembro 21, 2009
Côr de cheia de graça .
domingo, dezembro 20, 2009
sábado, dezembro 19, 2009
Côr de flor da papoila .
sexta-feira, dezembro 18, 2009
Côr de envenenando o dia .
/
quinta-feira, dezembro 17, 2009
Côr de ... recusa .
sem nunca te ter achado
nem na polpa dos meus dedos
se ter formado o afago
sem termos sido a cidade
nem termos rasgado pedras
sem descobrirmos a cor
nem o interior da erva.
Como é possível perder-te
sem nunca te ter achado
minha raiva de ternura
meu ódio de conhecer-te
minha alegria profunda.
quarta-feira, dezembro 16, 2009
Côr de preservar .
terça-feira, dezembro 15, 2009
Côr de sabedoria .
domingo, dezembro 13, 2009
sábado, dezembro 12, 2009
Côr de ela sabe .
Observando alguns adultos que conheço ,
quinta-feira, dezembro 10, 2009
Côr de abro mão .
quarta-feira, dezembro 09, 2009
Côr de envolvência .
terça-feira, dezembro 08, 2009
Côr de oração
concedei-me
Serenidade para aceitar as coisas que não posso modificar .
Coragem para modificar as que posso,
e
Sabedoria para perceber a diferença.
segunda-feira, dezembro 07, 2009
Côr de poeta castrado ... Não !
por inveja ou negação ...
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem ...
Poeta castrado não!
Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo ...
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena ,
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.
Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso ...
Da fome já não se fala
_ é tão vulgar que nos cansa _
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança ?
Do frio não reza a história
_ a morte é branda e letal _
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?
E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
_ Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia ,
um filho que vai nascer
parido por asfixia ?!
_ Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!
Serei tudo o que disserem
por temor ou negação ...
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado Não!
domingo, dezembro 06, 2009
sábado, dezembro 05, 2009
Côr de como ... boca .
Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca,
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto,
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.
De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas, inesperadas
Como a poesia ou o amor.
(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído,
No papel abandonado)
Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.
sexta-feira, dezembro 04, 2009
Côr de apenas .
terça-feira, dezembro 01, 2009
Côr de Cansaço .
Por trás do espelho quem está
De olhos fixados nos meus?
Alguém que passou por cá
E seguiu ao deus-dará
Deixando os olhos nos meus.
Quem dorme na minha cama,
E tenta sonhar meus sonhos?
Alguém morreu nesta cama,
E lá de longe me chama
Misturada nos meus sonhos.
Tudo o que faço ou não faço,
Outros fizeram assim
Daí este meu cansaço
De sentir que quanto faço
Não é feito só por mim.
Luís Macedo / Joaquim Campos
segunda-feira, novembro 30, 2009
Côr de ainda puro .
Imagino que sobre nós virá um céu
de espuma e que, de sol em sol,
uma nova língua nos fará dizer
o que a poeira da nossa boca adiada
soterrou já para lá da mão possível
onde cinzentos abandonamos a flor.
dizes... põe nos meus os teus dedos
e passemos os séculos sem rosto,
apaguemos de nossas casas o barulho
do tempo que ardeu sem luz.
sim, cria comigo esse silêncio
que nos faz nus e em nós acende
o lume das árvores de fruto.
Diz-me que há ainda versos por escrever,
que sobra no mundo um dizer ainda puro.
Vasco Gato
domingo, novembro 29, 2009
sábado, novembro 28, 2009
Côr de a Porta .
Para quê ?
Para ficares com os olhos do tamanho de ilhas tristes ?
Pois não sabes que já milhões como tu e como eu ,
pediram , em vão , às aves
que procurassem nas nuvens aquela Porta
de que nem a Morte tem as chaves .
José Gomes Ferreira
quinta-feira, novembro 26, 2009
terça-feira, novembro 24, 2009
Côr de blogagem _ Um conto de amor _
Entraste e sentaste -te ao meu lado .
Disseste uma frase cortêz , não em português , que me fez sorrir .
Foi o início de uma conversa de três horas e meia.
Há dias , encontrei o teu numero de telefone que nunca utilizei . Soube que é teu , pelo desenho que fiz ao lado [ uma mania minha ]
Então, lembrei - me de ti .
Ainda vejo o teu sorriso . Um sorriso que não era imediato . Ia acontecendo lentamente , como que a dar oportunidade que entrassemos nele . As tuas mãos . Bem , as tuas mãos grandes e ossudas . Abertas em forma de ninho . Esperando algo para proteger e afagar . Provavelmente outras mãos . . . [ e como afagavam ] . Os teus olhos que olhavam os meus de frente e com atenção , para perceberes o que a boca dizia . E que brilharam molhados , quando falaste de uma saudade , do outro lado do Atlântico .[ Calamo -nos por uns instantes , porque não existe convite melhor para um beijo , que olhos molhados ].
A tua voz um tanto rouca e bem colocada no peito , própria para dizeres ternuras [ tantas ] .
Disseste que gostavas de teatro .
Que trabalhavas com lapis , pinceis e cinzel .
Fiquei a saber muito da tua vida . Estavas com necessidade de entrega . E eu recebi .
Da minha pouco falamos . Gosto mais de ouvir .
Sei , como sei , que se não estivessem à minha espera na estação terminal ... teria ido contigo
Nessa noite pouco dormi . O teu cheiro e as tuas mãos continuavam a meu lado . E por uns dias mais .
Porque não telefonei ? Porque não te procurei ? Não sei !
É frequente dizer -se ... não tinha que ser ?! Será ?
Agora , por mais esforço que faça não recordo o teu rosto . O nome , sim ... Daniel .
Mas não é importante .
Importante foi o prazer daquela viagem , que guardo embrulhado no papel com o múmero do telefone , na caixa dos bons e saborosos momentos .
segunda-feira, novembro 23, 2009
Côr de fidelidade .
domingo, novembro 22, 2009
sábado, novembro 21, 2009
Côr de rasto .
sexta-feira, novembro 20, 2009
Côr de teu rosto .
Amo o teu túmido candor de astro ,
a tua pura integridade delicada ,
a tua permanente adolescência de segredo ,
a tua fragilidade acesa sempre altiva .
Por ti eu sou a leve segurança de um peito
que pulsa e canta a sua chama ,
que se levanta e inclina ao teu hálito de pássaro
ou à chuva das tuas pétalas de prata .
Se guardo algum tesouro não o prendo
porque quero oferecer-te a paz de um sonho aberto
que dure e flua nas tuas veias lentas
e seja um perfume ou um beijo um suspiro solar .
Ofereço-te esta frágil flor esta pedra de chuva ,
para que sintas a verde frescura
de um pomar de brancas cortesias ,
porque é por ti que vivo é por ti que nasço ,
porque amo o ouro vivo do teu rosto
António Ramos Rosa
quinta-feira, novembro 19, 2009
Côr de como ?
quarta-feira, novembro 18, 2009
Côr de vem .
Vem.
Conversemos através da alma.
Revelemos o que é secreto aos olhos e ouvidos.
Sem exibir os dentes,
sorri comigo, como um botão de rosa.
Entendamo-nos pelos pensamentos,
sem língua, sem lábios.
Sem abrir a boca,
contemo-nos todos os segredos do mundo,
como faria o intelecto divino.
Fujamos dos incrédulos
que só são capazes de entender
se escutam palavras e vêem rostos.
Ninguém fala para si mesmo em voz alta.
Já que todos somos um,
falemos desse outro modo.
Como podes dizer à tua mão ... " toca",
se todas as mãos são uma ?
Vem, conversemos assim.
Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma.
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma.
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.
Vem, se te interessas, posso mostrar-te.
sábado, novembro 14, 2009
Côr de dois prazeres .
Hoje ,
acordei com necessidade de proporciona -me dois prazeres ...
Coisas simples .
Que envolvem o corpo e a alma .
Nadar e dançar .
O primeiro foi fácil . A poucos metros de casa há um clube , e , devido à hora , tive a piscina por só para mim . A àgua a envolver - nos naquele abraço não forçado , é delicioso .
Claro que preferia um rio ... a envolvência é mais forte e profunda .
Vim revigorada a todos os niveis .
O segundo , não foi possível . Hoje não há dança no clube , e a que me apetecia não se pratica lá .
E como dançar ... é sonhar com os pés ...
O meu começo de dia , ficou entre a realidade e o sonho !
sexta-feira, novembro 13, 2009
Côr de limites .
nos meus limites ,
até que exausta e mais querendo
um amor total , livre das cercas ,
te despeça de mim , sofrida ,
na direção de outro amor
que pensas ser total , e total será
nos seus limites da vida.
O amor não se mede
pela liberdade de se expor nas praças
e bares , em empecilho.
É claro que isto é bom e ás vezes ,
Mas se ama também de outra forma , incerta ,
e este o mistério ...
ilimitado o amor às vezes se limita ,
proibido é que o amor às vezes se liberta.