A _ cor _ dar , é preciso !


sábado, dezembro 26, 2015

Côr de Luís Cruz

_  Então  rapariga ,  como  vai  o  olho  ? _
_  Bem  .
_  Olha  , agora  se  arranjares   outro  problema 
muda  de  lado . . .  sempre  esquerdo _

Melhoras  para  o  olho   e  pé  .
Amanhã    telefono . _

Trinta  minutos   depois   quem   telefonou   foi  a   L .
A   sua  voz   estava   estranha .
_  Que   aconteceu  ?  _
Fez -se   uns  minutos   de  silêncio ,  até   que  ela  
com  a  voz   cheia  de   lágrimas . . .
_  O   nosso   Luís   deixou -nos   _

Fiquei  sem  fala  ,  na  verdadeira  acepção  do  
termo .
Telefonei   mais  tarde .

E  o  que  se  diz   quando  o  nosso   melhor  e  antigo
 amigo  morre ?

E   quem   me   chamará   rapariga   e  a  quem   chamarei  amiguínho  ?
Quem  me  obrigará  a  ler  peças  de  teatro ,  
para  dar   a  opinião ?  [ e  a  aflição  que  
sentia ,  quando  não  gostava ] .

Apesar   de  acreditarmos  que  continuas  cá   e  que   em    breve  nos  encontraremos ,  ainda  me     sinto  incrédula   quanto  à   tua   ausência ,  e as   saudades
 já   se  estão  a  formar  .

Sei   que  não  te  faltará    Luz  . . .      

aqui   vai   uma  das  tuas  musica   preferídas ,  embrulhada    no   abraço   que   não   foi   dado .

terça-feira, dezembro 22, 2015

Côr de Natal




















NATAL

 
Símbolo de luz transmutadora da escuridão ,
motor da vida , no renascer incessante.
O  abraço do  homem  a  toda  a  Mãe Natureza.
 

O inesperado na rotina ,
a essência no Homem.





Um   abraço  a  todos ,

e , se  possível ,
um  pensamento  Natalino  todos os dias ,

neste   ano  de   2016 !  





imagemwilliam  Barnes _

domingo, novembro 08, 2015

Côr de orientação errada




















Não ,

não   seguirei     ______ a___________
____________   seta 








imagem  _  net  _

sábado, novembro 07, 2015

Côr de biografia
















 Os  versos
que  te  digam  a   pobreza  que  somos
o  bolor  nas  paredes deste  quarto  deserto
os  rostos  a   apagar - se
no  frémito
do  espelho
e  o  leito  desmanchado
o   peito  aberto
a   que  chamaste
amor . 






Sophia  de  Mello  Breyner
imagem  _ Marta  Orlowska  

quinta-feira, novembro 05, 2015

Côr de mestres de Ferreirim

 
 
Nasci  no  fim de 1533 , depois do pintor Cristóvão  de Figueiredo  ter  assinado ,  a   27  de  Novembro  deste  mesmo  ano,  na  casa do  bispo  de Lamego , o  contrato  para  pintar três  retábulos no  mosteiro  de  Santo  António de  Ferreirim   .
 
A grandeza da  empreitada a que  o  pintor  se  obrigou , fez – lhe  nascer  a  boa  ideia  de  me  debuxar .
 
A tarefa  era  grande  e  o   tempo  escasso .
Assim  ,  por  minha sugestão , o  pintor  recorreu  a  dois  companheiros  e  amigos  , Garcia   Fernandes  e  Gregório   Lopes .
Parceria   que   ficou  conhecida  como  mestres  de  Ferreirim , ainda  que  fossem  de  Lisboa .

 
 
Quando ,
estiveres   a  ver   as   pinturas  do  convento de  Ferreirim,  sou  eu ,  acredita ,  que  namora  a  menina  dos  teus  olhos , lhes  fala  da  mágoa pelos  quadros   danificados , e  mostra-lhes  a  beleza  _   a beleza  que  nasce   da  cor  e  da  forma  que  tem  o  que  é  pintado,  e  te  agarra ,  te  convoca ,  te  desarma  e  te  põe  em  contemplação  _
 
Podes  não  acreditar,  mas  sou  eu  que  guardo  para  ti  o  espanto  e  to  dou  quando  te  entregas  ao  que  aqui  vês . 
 
 
 
 
 
 
 
João  Manuel  Ribeiro [pequenos  apontamentos do Anjo do pintor ]
imagem _   Elsa  Lé _
 
 

segunda-feira, novembro 02, 2015

Côr de paraíso




















O
paraíso  não  é  um  lugar 
é   
um  breve  momento  que  conquistamos  .



 Mia   Couto   

 imagem _   Jackie  Morris


Pode ,
porém ,  ser ,  também ,   um    lugar  . . .

Quando   
dois   dos  seres   que  amamos ,  fazem   ninho   no  nosso  coração  .

sexta-feira, outubro 30, 2015

Côr de só meu



Meu  ,
só   é  meu ,   o   mundo   que   trago  dentro   da   alma .









imagem _   Charles Allen Winter _

terça-feira, outubro 27, 2015

Côr de porta aberta




















Podemos
entrar . . .
Uma   porta   azul   e   um  anjo   a   conduzir  -  nos   ,  nada   mais  seguro !
Há  . . .     muito  cuidado  ...  não   se  esqueçam ...
A  porta   deve  estar   sempre  aberta .
Obrigada  !




imagem _  Net  _

sábado, outubro 24, 2015

Côr de meus próprios passos














"Vem por aqui" -  dizem-me alguns com olhos doces,
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom se eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui" !
Eu olho-os com olhos lassos,
[ há, nos meus olhos, ironias e cansaços ]
E cruzo os braços ,
E nunca vou por ali...
/
Não, não vou por aí ! Só vou por onde me levam meus próprios passos ...
 
Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis ...  "vem por aqui" ?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí . . .
 
Como, pois, sereis vós
Que me dareis machados, ferramentas, e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos ?...
 
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil . 
 
Eu amo o Longe e a Miragem ,
Amo os abismos , as torrentes , os desertos ...
 
Ide 
tendes estradas ,
Tendes jardins , tendes canteiros ,
Tendes pátrias , tendes tectos ,
E tendes regras , e tratados , e filósofos , e sábios.
Eu tenho a minha loucura !

Levanto-a , como um facho , a arder na noite escura ,
/
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções !
Ninguém me peça definições  !
Ninguém me diga... " vem por aqui " !
A minha vida é um vendaval que se soltou.
/
Não sei por onde vou ,
Não sei para onde vou ,
Sei que não vou por aí.
 
 
 

José Régio  [ Poemas de Deus e do Diabo  ,  Cântico  Negro ,  com  alguns  cortes ]  

Imagem  _  Luís  Filipe  Gomes _

quarta-feira, outubro 21, 2015

Côr de candura
















dias , precisamente   quinze ,  caí   na  rua  ,  ficando   com  o pé   esquerdo  debaixo  do  corpo . ...    
Ida   à   urgência  do  hospital ,  radiografias , pomadas , comprimidos . . .  e  o  mais  aborrecido  nestes  casos ...   [tirando   as  dores  ] . . .      quieta  e   pé  " elevado "

Entretanto ,
ontem   tive   a  visita  da   "   minha "    pequenina    que  logo  à   chegada    diz  . . . 
 _   tiveste   muita   sorte _  
 fiquei   calada  ,  com   um  um  sorriso  ,  à   espera  do   "  motivo   da  sorte "
_   olha   se  fosse  a  mão ?   Tu   que  gostas  tanto  de  mãos ,  ia  doer  mais ,  de  certeza _ !

Ao   sorriso    juntou -se   a   emoção  .
Puxei - a   para   mim ,  e  agradeci , em  silêncio ,   a  candura  deste   raciocínio .



imagem  _  Jim   Warren  _

sábado, outubro 17, 2015

Côr de haverá ?



A
humanidade  não  tem   dinheiro   para  extrair   água   
em   zonas  áridas  deste   planeta .

Porém ,  tem -no   para  procurá -la   em   Marte .



Pergunto - me . . . existe  vida   inteligente   no  planeta  Terra  ?  




imagem  _    net  _

domingo, outubro 11, 2015

Côr da mesma água





















Os
que   bebem   da  mesma   água  ,  adquirem
a   qualidade   suprema ,   do   mesmo   espanto  . . .






imagem  _    Matteo  Arfanótti _   

sábado, outubro 10, 2015

Côr de provas















Esta
velha humanidade , tudo quanto seja acreditar que dois e dois são quatro , quatro e quatro , oito , e oito e oito , dezasseis, muito bem e sem nenhuma prova .
Agora quando lhe dizem que há gente que morre pela sua verdade , é preciso mostrar-lhe Sócrates a beber a cicuta , Catão com a espada enterrada no ventre , Cristo pregado na cruz  . . .
e nem assim. 




Miguel   Torga 
imagem  _    Tomasz  Alen   Kopera 

segunda-feira, outubro 05, 2015

Côr desta raça















Somos todos de aqui.
 
Basta-nos a pátria
que  uma  tarde  de domingo  nos  consente
entre  folhas  de  outono  e  frases  de  abandono
/
Somos  todos  da  raça  dos  mortos
ou  vivos  mais  além
Mensagens  de  outra  pátria  não  as  traz
arauto  algum  que  o  nosso  tempo  vestisse




Ruy  Belo
imagem _  Wieslaw  Walkuski  _

Côr de Republica




















Não
significa   que   tenham   nascido   recentemente . . .
alguns   pequenos . . . alguns   por  volta de  1939 . . .

sábado, outubro 03, 2015

sábado, setembro 26, 2015

Côr de aceitação

















Sem   pressa ,
o  vento   faz   passar   pelos  rostos ,  todas  as   cores  
da   vida , para  que   uma   maior   capacidade  
de  aceitação   aconteça  .





 
 


imagem  _   Tomasz  Alen   Kopera  _

segunda-feira, setembro 21, 2015

Côr de país . . .

 


No meu país não acontece nada
à terra vai-se pela estrada em frente

Novembro é quanta cor o céu consente
às casas com que o frio abre a praça

Dezembro vibra vidros brande as folhas
a brisa sopra e corre e varre o adro menos mal
que o mais zeloso varredor municipal
Mas que fazer de toda esta cor azul

Que cobre os campos neste meu país do sul?
A gente é previdente  tem  saúde  e  assistência  

cala-se e mais nada
A boca é pra comer e pra trazer fechada
o único caminho é direito ao sol

No meu país não acontece nada
o corpo curva ao peso de uma alma que não sente
Todos temos janela para o mar voltada
o fisco vela e a palavra era para toda a gente

E juntam-se na casa portuguesa
a saudade e o transístor sob o céu azul
A indústria prospera e fazem-se ao abrigo
da velha lei mental pastilhas de mentol



O  português  paga  calado  cada  prestação
Para  banhos  de  sol  nem  casa  se  precisa
E  cai-nos  sobre  os  ombros  quer  a  arma  quer a  sisa
e  o  colégio  do  ódio  é  a  patriótica  organização

Morre-se a ocidente como o sol à tarde
Cai a sirene sob o sol a pino
Da inspecção do rosto o próprio olhar nos arde
Nesta orla costeira qual de nós foi um dia menino?

Há neste mundo seres para quem
a vida não contém contentamento
E a nação faz um apelo à mãe,
atenta a gravidade do momento

O meu país é o que o mar não quer
é o pescador cuspido à praia à luz  do  dia
pois a areia cresceu e a gente em vão requer
curvada o que de fronte erguida já lhe pertencia

A minha terra é uma grande estrada
que põe a pedra entre o homem e a mulher
O homem vende a vida e verga sob a enxada
O meu país é o que o mar não quer







Ruy  Belo  [  todos  os  poemas  ]


quinta-feira, setembro 17, 2015

Côr de ovos azuis
















Ovos azuis ?
Reclamou a professora , indignada , interrompendo a leitura 

da minha redacção , enquanto a turma se agitava em risinhos de troça e segredinhos  maliciosos. 
Ovos azuis , sim , senhora professora , respondi eu .
_  A minha galinha põe ovos azuis _ .
_ A menina está a brincar comigo ? _
_ Já viu alguma galinha pôr ovos azuis ? _


Sente-se imediatamente  e  faça já outra redacção _.
 
Voltei para o meu lugar , de cabeça erguida , enfrentando a galhofa da turma.
Não baixei os olhos , apenas os senti escurecer , num desafio.
Durante o recreio fiquei na aula, de castigo.
Mas não fiz outra redacção.

 
Depois do "toque", a professora chamou-me para que lesse , em voz alta , a segunda versão .
 
Comecei ...
Era uma vez uma galinha branca que punha ovos brancos  ...  só porque não a deixavam pôr ovos azuis .





Maria José Balancho

imagem maude white 
  

Porém  ,    há   os   que   ensinam ,  outros   que   tentam   aprender ,    Escrita  Criativa  . . . 

sábado, setembro 12, 2015

Côr de sanidade ?!

Ser louco é a única possibilidade de ser sadio neste mundo doente. 

Côr de agradecimento

















Agradeço 
as  visitas   e   palavras   deixadas   na  publicação   anterior  .
O  meu  cansaço  permanece ,  porém , a  vontade /  necessidade   de  compartilhar   aquilo  que  considero  interessante  e  gosto , com  alguns  amigos ,  "  falou  mais  alto " .

Falo - ei   mais  lentamente .

Um  abraço  para  quem  gostar   de  abraços  e   um  beijo  para  quem  destes  gostar ,
Maria



imagem  _  
Christian Schloe  _

segunda-feira, julho 06, 2015

Côr de até . . .





















As
palavras  ainda    não  estão   gastas  . . .   mas   estão   
a  perder , mais  e  mais ,  o  sentido  .

Fujo  à  rotina ,

vou  com  as  aves   . . .     . . .  não  dizendo adeus ,  mas  um   até 
 . . .    . . .  
 




imagem _  
Christian Schloe  _

domingo, julho 05, 2015

Côr de . . .




 obrigatório que vejas este filme

quinta-feira, julho 02, 2015

Côr de perder o jeito




















Da vez primeira em que me assassinaram
perdi um jeito de sorrir que tinha . . .

Depois , de cada vez que me mataram ,
Foram levando qualquer coisa minha .






Mario  Quintana 
imagem _  M.C . _

quarta-feira, julho 01, 2015

sábado, junho 27, 2015

Côr de fada madrinha




















_  Mãe ,
quando  nasci , estava  presente  a  fada  madrinha ?  _
perguntou  a  criança .
_   claro _  ,   respondeu  a mãe .
_   que  disse  ela  _

_  Que  ias  ser  uma  bela  mulher,  inteligente  e  sensível,    ias  ser  feliz  ,  portanto  _

A   criança   cresceu    . . .  . . .

_   Hó  Mãe  . . .   estas  características  ,  numa   mulher ,  não  transportam   felicidade  ,  pelo     contrário ,    afastam   . . .  _

E
Tu   e  a   fada   já  sabiam  _





imagem  _   Michael   Parkes  _

quarta-feira, junho 17, 2015

Côr de anseio














Anseio

que  as  minhas  palavras  possam  ser  substituídas  pelo  toque ,  pelo  sentir  . . .

 . . .   pelo  segredo  das  coisas  simples  e  raras .




Por 
favor . . .  . . .    leva - me  contigo  . . .





imagem _  Gregory  Colbert  _

quarta-feira, junho 10, 2015

Côr de Luís de Camões

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Não do mar , meu Luís  mas dessa mágoa
Marchetada de tudo  apartada de quem
 não mais trouxer os olhos rasos de água
 por esta terra de ninguém.

 Não do mar , meu Luís  mas da raiz
 da nossa amarga pátria portuguesa
 chulando o mal de bernardim
 até á ultima grandeza.

 Não do mar , meu Luís  mas da galega 
 couve de  pranto aberta , pranto raro
 pranto tão canto que a cantar te quero
 neste deserto de quem fala claro . 
 


José Carlos Ary dos Santos

terça-feira, junho 02, 2015

Côr de não fales
















Preciso  do  teu  silêncio  cúmplice
sobre minhas falhas .
Não fales .
Um sopro , a  menor  vogal
pode  me  desamparar .
E  se  eu  abrir  a  boca ,
minha  alma  vai  rachar .
O silêncio , aprendo ,
pode  construir.
É um modo
denso / tenso
de coexistir .
Calar ,  às vezes ,
é  fina  forma de  amar.





Affonso Romano de Sant'Anna

sábado, maio 30, 2015

Côr de sentido de humor



Ter 
sentido de humor, não é , para mim, rir do inusitado.
Isso é saber rir. 
Humor é  fazê-lo  de  nós  próprios. E  quando  isso acontece ,  segue-se uma sensação boa ,  de bem estar. 
Que tem a nossa côr preferida. Aquilo a que  chamamos  tolerância .
É aquele riso que é aceite no coração , e sobe a todas as partículas do nosso ser , e nos torna  mais  fortes  e  confiantes
. !



sábado, maio 23, 2015

Côr de maçã menina



















No
alto  do  ramo ,
alta  no  ramo  mais  alto ,
uma  tão  rosa  maçã . . .
esqueceram - na  os  apanhadores da  fruta.
Esqueceram -na ?
Não !
Mãos  não  tiveram  . . .     para  a  colher .






Safo
imagem _Kate MacDawell _ 

domingo, maio 17, 2015

terça-feira, maio 12, 2015

Côr de uma asa



















 Noite  fora ,  noite  fora ,
acordaremos ,  já  sei  ,  transparentes  e  sábios  ,
do  outro  lado  da  criação  do  mundo . . .
uma  mão  presa  à  luz   outra   nas  trevas ,
um  só  tronco  de  chamas ,  uma  asa .



 





António  Franco  Alexandre 
imagem _   _ Albrecht  Durer _

domingo, maio 10, 2015

Côr de vais ver




















Cruzamos
os  nossos   olhos  em  alguma   esquina ,
demos   civicamente   os   bons   dias  ,
chamar - nos -  ão ,  vais  ver ,  contemporâneos  .






Ruy Belo
imagem  _   Herbert  Bayer _ 

terça-feira, maio 05, 2015

Côr de fotografia



















Chinolope vendia jornais e engraxava sapatos em 
Havana.
Para deixar de ser pobre , foi-se embora para Nova Iorque.
Lá , alguém deu - lhe  de presente  uma máquina de fotografia.
Chinolope nunca tinha segurado uma câmara nas 
mãos, mas disseram -  lhe que era fácil . . .
_ Você olha por aqui e aperta ali _.
E ele começou a andar pelas ruas. 
Tinha andado pouco quando escutou tiros e se 
meteu num barbeiro e levantou a câmara e olhou 
por aqui e  apertou  ali .
Na barbearia tinham baleado o gângester
José Anastasia , que estava  fazendo a barba . 
E aquela foi a primeira foto da vida profissional 
de Chinolope.
Pagaram uma fortuna por ela. 
A foto era uma façanha. 
Chinolope tinha  conseguido fotografar a morte.

A morte estava ali . . .   não no morto , nem no matador. 

A  morte estava na cara do barbeiro que a viu.






Eduardo  Galeano  _  O  livro  dos  abraços _
Imagem _  Loui  Jover _

domingo, abril 26, 2015

Côr de . . . furtar




















Roubam-me Deus
outros o Diabo
_ quem cantarei
?


Roubam-me a Pátria ,
e a Humanidade
outros ma roubam
_ quem cantarei
?


Sempre há quem roube
quem eu deseje ,
e de mim mesmo
todos me roubam
_ quem cantarei
?


Roubam-me a voz
quando me calo ,
ou o silêncio
mesmo se falo
_ aqui del rei
!


 



 
Jorge de Sena
imagem  _  Emanuele  de  Reggi  _

sábado, abril 25, 2015

Côr de 25 de Abril
















Apesar 
do  céu    cinzento ,  as   entreabertas  serão  muitas  . . .  


 




imagem  _  net  _

quarta-feira, abril 22, 2015

terça-feira, abril 14, 2015

Côr de Eduardo Galeano


















Não
morreu   . . . 
 
Ele    é  . . .     imortal   !

domingo, abril 12, 2015

Côr de . . . mas país




Plantados como árvores no chão
ao alto ergueis os vossos troncos nus
e o fruto que produz a vossa mão
vem do trabalho e transparece a luz


Nenhum passado vale o dia-a-dia
Sonho só o que vós consentis
Verdade a que de vós só irradia  , 

Portugal  não  é  pátria  ,  mas  país .









Ruy  Belo 

imagem _  Arsen  Roje _

sábado, abril 04, 2015

Côr de . . . é fácil




















Desde
criança   que   sonhava   ter   como   amigo   um   dragão

Descobri    que   é   fácil   . . . 

Basta   este   gesto   !





imagem  _   maude white 
_

quinta-feira, abril 02, 2015

terça-feira, março 31, 2015

Côr de ternura e medo















A
ternura  escolhe  onde  vai   surgir  ?
Sinto  que  sim . . .
O   
nosso medo   é   que  ,  por  vezes ,  a  afasta !



imagem   _  net  _

sexta-feira, março 27, 2015

Côr de Teatro



A  
vida  presenteia - nos , diáriamente , com  belas  peças  teatrais ,  sobretudo  no  que  se  refere  à   encenação . . .
O  
elenco , porém ,  está  cada vez mais  lastimável . . .  








imagem  _   Michael    Cheval  _

terça-feira, março 24, 2015

Côr de Herberto Helder




















E  o  poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E  já  nenhum poder destrói  o  poema.

Insustentável , único ,
invade as órbitas , a face amorfa das paredes ,
a  miséria dos minutos ,
a  força sustida das coisas ,
a  redonda e livre harmonia do mundo .

Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério .

  
E o poema faz-se contra o tempo e a carne.




Herberto  Helder



Até   sempre,  Poeta  . . .

sábado, março 21, 2015

Côr de Poesia




















Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser, vivo e total ,
À agitação do mundo do irreal ,
E calma subirei até às fontes .

Irei até às fontes onde mora
A plenitude , o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora ,
E na face incompleta do amor .

Irei beber a luz e o amanhecer ,
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa ,
E nela cumprirei todo o meu ser . 









Sophia de Mello B. Andresen _   Obra  Poética _

imagem  _  Alphonse  Mucha  ,  Poesia  _

terça-feira, março 17, 2015

Côr de ... ?




















O domador que mete a cabeça na boca
do leão , que busca ?
A piedade do público ?
A do leão ?
A sua própria piedade ?

E o público , está louco . . .  Porque aplaude  ?








Jorge Boccanera
imagem  _ Sharon  Tancrel _   

sábado, março 14, 2015

Côr de ... pelas mãos




















Tinham as mãos amarradas, ou algemadas, 

ainda assim , os dedos  dançavam , voavam , 
desenhavam palavras .

Os presos estavam encapuzados , mas  inclinando-se conseguiam ver alguma coisa , alguma coisinha , por baixo. E embora  fosse proibido falar, eles conversavam com as mãos.


Pinio Ungerfeld ensinou me o alfabeto dos dedos , que aprendeu na prisão  sem professor . . .
_  Alguns tinham caligrafia ruim  , me disse. Outros tinham letra de  artista _ .

A ditadura uruguaia queria que cada um fosse apenas 

um ,  que cada um  fosse  ninguém . . .   
nas cadeias e quartéis , e no país inteiro , a comunicação era delito.

Alguns presos passaram mais de dez anos enterrados em calabouços  solitários do tamanho de um ataúde , sem escutar outras vozes além do ruído das  grades ou dos passos das botas pelos corredores.

Fernández  Huidobro  e  MaurícioRosencof , condenados 

a essa solidão , salvaram-se porque  conseguiram conversar , com batidinhas na parede.
Assim contavam sonhos e lembranças, amores e  desamores ,  discutiam , se abraçavam , 

brigavam , compartilhavam certezas  e belezas

também dúvidas e culpas e perguntas que não têm resposta.

Quando é verdadeira , quando nasce da necessidade de dizer ,
a  voz  humana não encontra quem a detenha. 

Se lhe negam a boca , ela fala pelas mãos  .







Eduardo   Galeano _  O  livro  dos   abraços  _
imagem  _   net  _

sábado, março 07, 2015

Côr de não . . .



não
me   tragam   pegadas  de   passos   que  não  dei
não  me   peçam   que  diga   palavras  que   não 
sei  ,  ou   tive   de  esquecer . . .  
antes   que   a   dor   viesse . . . 











Puri  Fontes ,   excerto  de _  Poemas  de  veneno  e  asas e   frias  _
imagem  _  Kristian   Adam  _

domingo, março 01, 2015

Côr de entidades





















Geralmente,
 só chamamos vestes a certas peças de roupa com que nos cobrimos ,  mas, na realidade , esta questão vai muito mais longe. 
Assim , podemos dizer que o corpo físico é a veste da alma e do espírito , que as palavras são as vestes do pensamento , etc. 
Os sentimentos , os pensamentos , as forças , possuem uma veste que lhes permite manifestarem-se. Todas as criaturas visíveis e invisíveis têm vestes .
Uma flor , por exemplo , é a veste de uma determinada entidade. Por isso se deve meditar nas flores , nas suas formas , nas suas cores , nos seus perfumes , para conhecer a natureza dos seres que possuem tais vestes . 


meditar não só nas flores , mas em tudo o que existe nos diferentes reinos da natureza . . . mineral , vegetal , animal , humano . 
Uma  pedra  ,  é a veste, o corpo no qual uma entidade espiritual se incarnou para se manifestar . . .







Omraam  M . Aïvanhov 
imagem  _  Edite  Holden  _

terça-feira, fevereiro 24, 2015