A _ cor _ dar , é preciso !


sexta-feira, junho 29, 2018

Côr de chamada geral






Mário  Henrique  Leiria  _   Contos  do  Gin  Tónico _ 

domingo, junho 24, 2018

Côr de Música que gosto






Letra e Musica  de  Pedro  Abrunhosa

terça-feira, junho 19, 2018

Côr de dentro de mim



















Dói-me a cabeça aos trinta e nove anos.
Não é hábito. É rarissimamente que ela dói.
Ninguém tem culpa.
Meu pai , minha mãe descansaram seus fardos ,
não existe mais o modo
de eles terem seus olhos sobre mim .
Mãe , ô mãe , ô pai , meu pai . Onde estão escondidos ?
É dentro de mim que eles estão .
Não fiz mausoléu pra eles , pus os dois no chão .
Nasceu lá , porque quis , um pé de saudade roxa ,
que abunda nos cemitérios .
Quem plantou foi o vento , a água da chuva .
Quem vai matar é o sol .
Passou finados não fui lá , aniversário também não .
Pra quê , se pra chorar qualquer lugar me cabe ?
É de tanto lembrá-los que eu não vou .
Ôôôô pai ,
Ôôôô mãe ,
Dentro de mim eles respondem
tenazes e duros,
porque o zelo do espírito é sem meiguices . . . 
Ôôôôi   fia.







Adélia  Prado
imagem  _ Catrin  W -  Stein _

domingo, junho 17, 2018

Côr de tecida
























A
história   escrita  na  tapeçaria  da  vida  ,
é  tecida  
com  fios  das  vidas ,
sempre  a  ligar -se ,
sempre  a  partir -se  .








Rabindranath  Tagore 
 imagem  _ William  Morris _

domingo, junho 10, 2018

Côr de Luis de Camões























Quem fosse acompanhando juntamente
Por esses verdes campos a avezinha ,
Que despois de perder um bem que tinha ,
Não sabe mais que cousa é ser contente
!

E quem fosse apartando-se da gente ,
Ela por companheira e por vizinha ,
Me ajudasse a chorar a pena minha ,
E eu a ela também a que ela sente
!

Ditosa ave ! que ao menos , se a natura
A seu primeiro bem não dá segundo ,
Dá-lhe o ser triste a seu contentamento .

Mas triste quem de longe quis ventura
Que para respirar lhe falte o vento ,
E para tudo , enfim , lhe falte o mundo
!




 
Luís  Vaz  de  Camões
imagem _   Júlio  Pomar  _

sábado, junho 09, 2018

Côr de . . . e amanhece !
























Aqui estão as mãos.
São os mais belos sinais da terra.
Os anjos nascem aqui  ,
frescos, matinais, quase de orvalho ,
de coração alegre e povoado .

Ponho nelas a minha boca,
respiro o sangue, o seu rumor branco,
aqueço-as por dentro, abandonadas
nas minhas, as pequenas mãos do mundo.

Alguns pensam que são as mãos de Deus .
Eu sei que são as mãos de um homem ,
trémulas barcaças onde a água ,
a tristeza e as quatro estações
penetram , indiferentemente .

Não lhes toquem . . .    
são amor e bondade.
Mais ainda . . . 
cheiram a madressilva .
São o primeiro homem , a primeira mulher.
E amanhece. 




Eugénio  de   Andrade
imagem  _    Andrea  Benson  _ 

quinta-feira, junho 07, 2018

Côr de sono profundo




Eu quero uma licença de dormir ,
perdão para descansar horas a fio ,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho .
Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies ,
a graça de um estado .

Semente.
Muito mais que raízes .











Adélia Prado 
 imagem  _  Francine Van Hove  _

terça-feira, junho 05, 2018

Côr de agradecimento



















Louvadas
sejam ,  também  ,  as   mãos ,
de   quem  o  colocou , nas  minhas .
Amém !







Adélia  Prado  _    Bagagem  ,  pagina  11    _
imagem  _   Adélia   Prado  _