A _ cor _ dar , é preciso !


terça-feira, dezembro 30, 2014

Côr de despedida e espera




Despediram - se   do  ano  que  parte , como  convém ,
e
esperam   o   novo ,  desejando  que  seja   portador ,
 ________________  para   todos ____________                                         
daquilo  que  de  mais  importante  considerem  para 
as  suas  vidas  !



segunda-feira, dezembro 29, 2014

quinta-feira, dezembro 25, 2014

Côr do meu menino Jesus





















  
  Ele mora comigo na minha casa         
     a  meio  do outeiro.
     Ele é a Eterna Criança , o deus que

     faltava.
     Ele é o humano que é natural ,
     Ele é o divino que sorri e que brinca.
     E por isso é que eu sei com toda a

     certeza
     Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

     E a criança tão humana que é divina
 

     A Criança Nova que habita onde
     vivo .
     Dá-me uma mão a mim
     E a outra a tudo que existe
     E assim vamos os três pelo caminho

     que houver,
     Saltando e cantando e rindo
     E gozando o nosso segredo comum
     Que é o de saber por toda a parte
     Que não há mistério no mundo
     E que tudo vale a pena.

     A Criança Eterna acompanha-me
     sempre
     A direção do meu olhar é o seu dedo

     apontando.
     O meu ouvido atento alegremente 

     a  todos os sons
  

     Damo-nos tão bem um com o outro
     Na companhia de tudo
     Que nunca pensamos um no outro,
     Mas vivemos juntos e dois
     Com um acordo íntimo
     Como a mão direita e a esquerda.

     Ao anoitecer brincamos as cinco
     pedrinhas
     No degrau da porta de casa .
     Graves como convém ,
     E como se cada pedra
     Fosse todo um universo ,
     E fosse por isso um grande perigo

     para ela
     Deixá-la cair no chão.

     Depois eu conto-lhe histórias das
     cousas só dos homens
     E ele sorri, porque tudo é incrível.
     Ri dos reis e dos que não são reis,
     E tem pena de ouvir falar das

     guerras,
     E dos comércios, e dos navios
     Que ficam fumo no ar dos altos -

     mares
     Porque ele sabe que tudo isso falta

     àquela verdade
     Que uma flor tem ao florescer  .
     E que anda com a luz do sol
     A variar os montes e os vales .
     

     Depois ele adormece e eu deito-o.
     Levo-o ao colo para dentro de casa
     E deito-o, despindo-o lentamente
     E como seguindo um ritual muito

     limpo ,
     E todo materno até ele estar nu.

 
     Ele dorme dentro da minha alma .
    
     Quando eu morrer , filhinho,
     Seja eu a criança, o mais pequeno.
     Pega-me tu ao colo
     E leva-me para dentro da tua casa.
     Despe o meu ser cansado e humano
     E deita-me na tua cama.
     E conta-me histórias, caso eu acorde,
     Para eu tornar a adormecer.
     E dá-me sonhos teus para eu brincar
     Até que nasça qualquer dia
     Que tu sabes qual é.
    
     Esta é a história do meu Menino

     Jesus
     Por que razão que se perceba
     Não há de ser ela mais verdadeira
     Que tudo quanto os filósofos pensam
     E tudo quanto as religiões ensinam
?









Alberto  Caeiro _  Guardador  de  Rebanhos_ [excerto  de  Num  meio  dia de  fim  de  primavera ]

imagem  _  Dorothy  Lathrop  _
 
 

domingo, dezembro 21, 2014

Côr de Natal




















Não
se  sabe  se   no  Natal   se  celebra   o   nascimento   de  Jesus   ou  de   mercúrio ,  deus  do   comércio .




Eduardo  Galeano  _  De pernas pro ar _
imagem _ Michael  Alfano _



Quero 
acreditar  que  que  Aquele  Ser  de  Luz    existe   em  nós   todos  os  dias  .
E  quando   acreditamos ,   Ele  está .

domingo, dezembro 14, 2014

Côr de Ultimatum

Pequeno excerto de Ultimatum , de Alvaro de Campos

segunda-feira, dezembro 08, 2014

Côr de a carta




















Enrique  Buenaventura  estava  bebendo  rum  numa  taverna  do  Cali ,  quando   um  desconhecido  se  aproximou  da  mesa . O   homem  se  apresentou ,  era  pedreiro  de  ofício .  
_Perdoe  o   atrevimento ,  desculpe  o  incómodo . . .
_  Preciso  que  o   senhor   escreva   para  mim .  
Uma  carta  de  amor .
_  Eu ? 
_ É  que  me  disseram  que  o  senhor  sabe .
Enrique  não   era  um  especialista ,  mas  inchou  
o   peito .
O  pedreiro  explicou   que  não  era  analfabeto . . .
_ Eu  sei  escrever ,  isso  eu   sei. Mas  uma  carta  
assim ,  não  sei .
_ E  para   quem  é  a  carta  ?
_ Para . . . ela .
_ E  o  que  o  senhor  quer  dizer ?
_ Se  eu  soubesse  não  precisava  pedir .
Enrique  coçou  a  cabeça .
Naquela  noite ,  pôs  mãos  à  obra .
No  dia   seguinte  o  pedreiro  leu  a   carta ...
_   Isso  _  disse ,  e  seus  olhos  brilharam , era  isso  mesmo .
Mas  eu  não  sabia  que  era  isso  o  que   eu   queria  dizer .




Eduardo  Galeano Bocas  do  tempo ]

imagem _  net _

sábado, novembro 29, 2014

Côr de vivo na beleza



















 Imóvel, claramente
desumano, na
pura catedral
vive um anjo.
Um anjo não tem olhos.
Um anjo não tem sangue.
Ele não vive na vida, ele não vive  na  morte ,
ele  está  vivo na beleza.







António   Gamoneda
imagem _Sal  Villagran _

quarta-feira, novembro 26, 2014

sábado, novembro 22, 2014

Côr de florescer




















E
houve   um  dia   em  que   o   risco   de  ficar   presa  
num  botão ,   foi  mais   doloroso   do   que   o  risco   
de  florescer .




Anaïs  Nin 
imagem _ Marta Orlowska _

 

Todos   nós   já   enfrentamos   algo   semelhante  . . . 
a  resistência  à   mudanca ,  sobretudo  a  interior , 
pode   tornar -se   mais  dolorosa  do  que  a  do medo
do  salto  para   o  desconhecido !

terça-feira, novembro 18, 2014

Côr de musica que gosto

Man is for the woman made

Côr de na palma da mão




















Levo-te na palma da mão,
fechada , com  medo  que  quebres  e  sofras  dos
 males  do  mundo !

Levo-te  fechado ,  aninhado  mas  sempre tangível  ,
e  de  quando  em  vez,  quando  te  tocam  com  a 
ponta do  dedo ,
e  te   mostram um  doce  sorriso
amotinas-te , pululas  acelerado ,  descompassado
e  é impossível  conter-te .
Sais , passeias-te  alegre  como  se  atravessasses   
 campos  dourados  semeados  de  trigo ,
ou  dançasses  em  verdes  prados  ou sob azuis 
 mais  intensos.
E fluis, e rebolas pelas colinas, e banhas-te em 
riachos  de água  fria e, sorris … és feliz.
És simplesmente, feliz.
Pouco te importa o contratempo, a chuva, o trovão ,
 o mau tempo …. És feliz!
Mas quando te feres e sangras
Nas pedras que a vida semeia ,
recolhes nas mãos que te cuidam , as mãos que te sanam a ferida ,
que te afagam e te aquecem e te servem de ermida ,
que te embalam até à próxima partida.

É impossível conter-te no peito!










sábado, novembro 15, 2014

Côr de mãos de vidro






























Das tuas mãos de vidro, carregadas
De jóias tilitantes e doentes,
Das palavras que trazes afogadas ,
Das coisas que não dizes mas entendes . . .

Do teu olhar virado às madrugadas
De fantásticos e exóticos orientes,
Do teu andar de tule, das estocadas
Dos gestos que não fazes mas que sentes  . . .









José  Carlos  Ary  dos  Santos

sexta-feira, novembro 07, 2014

Côr de posição de firme





















Havia   sido   pedreiro   desde  menino  .
Quando   fez   dezoito   anos ,   o  serviço   militar   obrigou - o   a   interromper   o  ofício .
Foi  destinado  à   artilharia .
Um   dia ,  num   treino   de   canhão ,  mandaram  que   disparasse  contra   uma   casa   vazia . Ele   tinha   aprendido  a  fazer  pontaria ,  e   todo  o  resto .  Mas   não  conseguiu .  E  aos   gritos   repetiram  a  ordem . Mas  não .  Não  teve  geito .  Não  disparou .
Ele  havia   construído  muitas  casas   como  aquela .
Teria  podido   explicar  que  uma   casa  tem  pernas , afundadas  na   terra ,  e   tem  cara  ,  como  nos  desenhos   das   crianças ,  olhos  nas   janelas ,  boca  
na   porta ,  e  tem  em   seus   adentros   a  alma   que   lhe  deixaram   os  que  a  fizeram   e  a   memória  de   quem  a  viveu .
Teria   podido   explicar  tudo  isso , mas   não  disse  nada . 
Se   tivesse  dito ,  seria  fuzilado  por  imbecil .
Plantado  em   posição  de  firme ,  calou  a  boca . . .  
e   foi  parar  no  calabouço .

Numa   fogueira  das  serras  argentinas ,  numa   roda  de  amigos ,  Carlo  Barbaresi  conta  essa  essa  estória  do  seu  pai .
Aconteceu   na   Itália ,  nos  tempos  de   Mussolini .







Eduardo   Galeano _  Bocas  do  Tempo  _
imagem  _ Rozanne Bell  _ 

quarta-feira, outubro 29, 2014

Côr de uma injusta










O
tiro   que   matou   o   pássaro 
foi   o   mesmo  que   matou   o   caçador .
Duas   mortes . . .   só   uma   injusta .









Albano  Martins
imagem  _   Marina Terauds_

terça-feira, outubro 28, 2014

domingo, outubro 26, 2014

domingo, outubro 19, 2014

Côr de fome














Vi  ontem  um   bicho
Na   imundície  do  pátio
Catando  comida  entre  os  detritos.

Quando  achava  alguma  coisa ,
Não  examinava  nem  cheirava ,
Engolia  com  voracidade.

O  bicho  não  era  um  cão ,
Não  era  um  gato ,
Não   era   um  rato.



O bicho, meu Deus ,  era um homem.








Manuel   Bandeira 
imagem _  Ada  Muntean  

quarta-feira, outubro 15, 2014

Côr de asas frias

















Tinha  o  cheiro  da  fome , língua  amarga
das  noites  sem  manhã ,  o  sol  filtrado
nas  frinchas  da  parede  onde  cresciam ,
metáforas de  medo  ,  fungos  pardos ,
poemas  de  veneno  e  asas   frias .







Puri  Fontes_   Poemas de Veneno e Asas Frias _
imagem  _     Marina  Terauds

domingo, outubro 12, 2014

quinta-feira, outubro 09, 2014

Côr de segunda sexta




















Na próxima "Segunda Sexta às Sete", 10/10 às 19h, no Edifício AXA (av. dos Aliados - Porto), a Poetria apresentará o livro de poesia "Já não moro aqui", onde a autora , Ana Margarida Borges, procura, através de palavras, "novos semas por abrir", o seu "lado oculto", mais verdadeiro, mais livre, "em busca de uma nova primavera".

É como se um bocadinho de cada um de nós se aninhasse nestes versos, carregados de humanidade e sonho.

Com Celeste Pereira, Eduardo Leal e Luz Norton (leitura de poemas) e Dinis Lecomte (violoncelo). Mais biscoitos literários (e não só) com vinho do nosso Porto.

NÃO FALTEM QUE NOS FAZEM FALTA!












sábado, setembro 27, 2014

Côr de agradecimento e prece














Senhor ,
uma  parte  está   resolvida  [  resultado  negativo  ]


Mas ,
ainda   necessitamos ,  muito  ,  da   tua   proteção . 
estamos   ambas  muito   debilitadas ]






imagem  _  Giotto  _

sábado, setembro 13, 2014

Côr de como dizer - te





















Porque 
não  sei  como  dizer-te  sem  milagres , que
dentro  de  mim  é  o  sol , o  fruto , a  criança ,

a  água ,  o  leite , a  mãe ,  o  amor , 
que  te  procuram  .










Herberto Helder
imagem Irena Komadinic _

sexta-feira, setembro 12, 2014

Côr de mezinhas














A
única   noite ,  disse   alguém ,  é  
a   da  insónia ,  a   noite  passada   em   branco .
Não   se  guarda  memória   de   noites  dormidas .

Assim   é   o  amor   . . .  o   mais inolvidável   é   o   
que   nunca   foi .

Como   para  a   insónia ,  também   para   o   esquecimento   existem   xaropes  e  mezinhas .  
Mas   são   ambos   remédios   sem   discernimento  . 
Uns   far - te - ão   dormir    tanto ,  sem   sonhos  e   
sem   sono  ,  que   será   como   morrer  .  
Com  os   outros   não   esquerás ,  se  os   tomares ,   aquilo  que  queres   esquecer . . .   esquecerás  tudo ,   quer   tenha   sido   excelente   ou    desagradável .

Não   te   revelo ,  pois ,   as   minhas   beberagens  
para   o  sono   e   para   o   esquecimento .

Possuem   o   mesmo   efeito   da   cicuta  .   









Héctor  Abad  Faciolince _  Receitas  de  amor  para  mulheres  tristes  _
imagem  _   net  _  

quarta-feira, setembro 10, 2014

Côr de olho da Ana
















 O gato é secreto.
Tece com calma o mistério do mundo.
O gato é elétrico.
Pura energia a percorrer a espinha.
O gato é orgulho.
Sem humildade , jamais se entrega.
O gato é desejo.
Atração pela lua e telhados.
O gato é sagrado.
Olho no olho que brilha ,
um susto .

Parece que vemos Deus.





Donizete Galvão
imagem  _   foto  da   Ana  _

terça-feira, setembro 09, 2014

Côr de opiniões





















Quanto
menos   opiniões   ,   mais  a   verdade   se   aproxima  . . .








imagem _ net _

quinta-feira, setembro 04, 2014

Côr de ideal






Eu quero uma casa no campo 
Onde eu possa compor muitos rocks rurais 
E tenha somente a certeza 
Dos amigos do peito e nada mais 
Eu quero uma casa no campo 
Onde eu possa ficar no tamanho da paz 
E tenha somente a certeza 
Dos limites do corpo e nada mais 
Eu quero carneiros e cabras 
Pastando solenes no meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas 
Eu quero a esperança de óculos 
E meu filho de cuca legal 
Eu quero plantar e colher com a mão 
A pimenta e o sal 
Eu quero uma casa no campo 
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé 
Onde eu possa plantar meus amigos 
Meus discos e livros e nada mais .






composição _  Tavito / Zé Rodrix   . 



Para   GL  ,  e   todos   os   apreciadores  de   Elis  Regina .

quinta-feira, agosto 28, 2014

Côr de tão verdade


















Mãe !
ata  as  tuas  mãos  às  minhas  e  dá  um nó-cego  muito apertado !

Mãe !
passa  a  tua  mão  pela  minha  cabeça   .

Quando  passas  a  tua  mão  na  minha  cabeça  é  tudo  tão verdade  !






Almada  Negreiros
imagem _ foto  das  nossas  mãos _

quarta-feira, agosto 27, 2014

Côr de lágrimas




sim , por um momento seremos a dor de tudo isto ...

Eu  não  sei  porque  me  caem  as  lágrimas ,
porque  tremo  e  que  arrepio  corre  dentro  de  mim ,
eu  que não  tenho  parentes  nem  amigos  na  guerra ,
eu  que  sou  estrangeiro  diante  de  tudo  isto ,
eu  que  estou  na minha  casa  sossegada ,
eu  que não  tenho  guerra  à  porta ,
_  eu porque tremo  e  soluço ?
Quem  chora  em mim ,  dizei _   quem chora em nós ?
/
E  se  tudo é igual  aos  dias  antigos,
apesar  da  Europa  à  nossa  volta , exangue  e  mártir ,
eu  pergunto  se  não  estaremos  a  sonhar  que  somos  gente ,
sem  irmãos  nem  consciência , aqui  enterrados  vivos ,
sem  nada  senão  lágrimas  que vêm  tarde  . . .









Adolfo  Casais  Monteiro
imagem  _  Christian  Schloe  _

terça-feira, agosto 26, 2014

Côr de amigo








como  vês  não  esqueci . 
não  foi  necessário   ver  o  frasco  com  mel . . . 


 Beijo

sábado, agosto 23, 2014

Côr de mãos abertas
















È
urgente  . . .
transformar    punhos   bem   fechados ,   em   mãos   
bem   abertas .





Imagem  _  net  _


A Livraria Poetria realiza a próxima sessão do Tabernáculo Poético no dia 26 de Agosto, pelas 22h, no Aduela taberna-bar (rua das Oliveiras 36, em frente ao TeCA, Porto), sobre o tema “PORTUGAL”, com Luís Beirão (poemas) e Rui David (música).

O mote será o verso de Jorge Sousa Braga: “Ai Portugal Portugal, estou loucamente apaixonado por ti.
A tua língua, os teus poetas, o teu riso triste, as tuas lágrimas amargas, os teus costumes ora brandos ora bárbaros, o teu coração ao pé da boca, o rio da tua aldeia, o teu impiedoso mar…, tudo o que me dás e tudo o que me roubas.
Nunca te esqueças, meu desgraçado . . . pertencemo-nos um ao outro até que a morte nos separe !

Venham e tragam poemas de amor ou ódio a este país de perdição, para os lerem ou gritarem ou murmurarem aos seus e aos nossos ouvidos.

A entrada é livre!

segunda-feira, agosto 18, 2014

Côr de ver através das mãos





















Precisamos
de   ver   com   os   olhos   e   com   as   mãos ,     
para  a  navegação   ser   perfeita  . . .







imagem  _  Igor   Maikov _

quinta-feira, agosto 14, 2014

Côr de saber




 Os 
pássaros  não  preciam  de  ornitólogos   para   voar  . . . 





imagem  _ marina terauds _

quarta-feira, agosto 06, 2014

Côr de nevoeiro



Viera  do  rio  pela  mão  duma  criança .
A  cidade  é  agora  de  porcelana  branca.







Eugénio   de   Andrade
imagem  tirada da  net



Todos   temos   nevoeiros   a   rodearem - nos  o  coração 

E ,
muitas   vezes ,  apenas  a  mão  de  uma  criança   tem   
a   coragem   calma  de   nos  ensinar   a    esperar  que   
eles  se  dissipem .

Para ,  então ,  termos  a  capacidade   de   ver ,   a  beleza  da   porcelana . 


segunda-feira, agosto 04, 2014

sexta-feira, agosto 01, 2014

Côr dos nossos males




















 A  nós  bastem  nossos  próprios  ais,
Que a ninguém  sua  cruz  é  pequenina .
Por  pior  que  seja  a  situação  da  China ,
Os  nossos  calos  doem  muito  mais . . .










Mário Quintana
imagem  _  Tigran  Tsitoghdzyan _

quarta-feira, julho 30, 2014

Côr de indulgência





















Realmente , vivemos muito sombrios !
A inocência é loucura . Uma fronte sem rugas
denota insensibilidade . Aquele que ri
ainda não recebeu a terrível notícia
que está para chegar .

Que tempos são estes , em que
é quase um delito
falar de coisas inocentes .
Pois implica silenciar tantos horrores
!
Esse que cruza tranqüilamente a rua
não poderá jamais ser encontrado
pelos amigos que precisam de ajuda
?

É certo , ganho o meu pão ainda ,
Mas acreditai-me ,  é pura casualidade .
Nada do que faço justifica
que eu possa comer até fartar-me .
Por enquanto as coisas me correm bem
[ se a sorte me abandonar estou perdido]
E dizem-me . . .   Bebe , come! Alegra-te, pois tens o quê
!

Mas como posso comer e beber ,
se ao faminto arrebato o que como ,
se o copo de água falta ao sedento
?
E todavia continuo comendo e bebendo .

Também gostaria de ser um sábio .
Os livros antigos nos falam da sabedoria ...
é quedar-se afastado das lutas do mundo
e , sem temores ,
deixar correr o breve tempo .
Mas  evitar a violência ,
retribuir o mal com o bem ,
não satisfazer os desejos , antes esquecê-los
é o que chamam sabedoria .
E eu não posso fazê-lo.
Realmente  vivemos tempos sombrios .

Para as cidades vim em tempos de desordem ,
quando reinava a fome .
Misturei-me aos homens em tempos turbulentos
e indignei-me com eles .
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra .

Comi o meu pão em meio às batalhas.
Deitei-me para dormir entre os assassinos.
Do amor me ocupei descuidadamente
e não tive paciência com a Natureza .
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

No meu tempo as ruas conduziam aos atoleiros .
A palavra traiu-me ante o verdugo .
Era muito pouco o que eu podia. Mas os governantes
Se sentiam , sem mim , mais seguros , — espero.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

As forças eram escassas. E a meta
achava-se muito distante.
Pude divisá-la claramente,
ainda quando parecia, para mim, inatingível.
Assim passou o tempo
que me foi concedido na terra.

Vós, que surgireis da maré
em que perecemos ,
lembrai-vos também ,
quando falardes das nossas fraquezas ,
lembrai-vos dos tempos sombrios
de que pudestes escapar.

Íamos , com efeito ,
mudando mais freqüentemente de país
do que de sapatos ,
através das lutas de classes ,
desesperados ,
quando havia só injustiça e nenhuma indignação .

E , contudo , sabemos
que também o ódio contra a baixeza
endurece a voz. 
Ah , os que quisemos
preparar terreno para a bondade
não pudemos ser bons.


Vós , porém , quando chegar o momento
em que o homem seja bom para o homem ,
lembrai-vos de nós
com indulgência  .






Bertolt  Brecht
imagem _  Sherry  L.  Short 

segunda-feira, julho 28, 2014

Côr de arco iris






















razão  quand o  vive  solitária … gera monstros.
Sou  um  senti-pensante , alguém  que intenta  atar 
a  emoção  e  a  razão.
Tudo  o  que  escrevo  é  na tentativa  de  recuperação 
das  cores  do  arco-íris terrestre. 
Eu  creio 
que  o arco-íris  terrestre  tem muito mais  fulgores 
e   cores  que  o  arco-íris   celeste. 
Mas  estamos  cegos  e  não  o  vemos.






Eduardo   Galeano
imagem  _  Mark   Ryden  _

sábado, julho 26, 2014

Côr de verdade ?




















Assim  foi  a  nossa  idade . . .  
atravessámos  as  crenças.
Os  que  sabiam  gemer  foram   amordaçados  pelos  que  resistiam   à   verdade . . .

Que   é   a  verdade  ?  
Quem  viveu   nela  fora  da  dominação ?








António  Gamoneda _  Oração  Fria ,  excerto _
imagem _ Matteo  Arfanotti _

quinta-feira, julho 24, 2014

Côr de cansaço












 Esta Senhora ,   faria ontem ,   94 anos !

terça-feira, julho 22, 2014

Côr de deuses































Aos   deuses   confiaste   a   tua   morte .
E
era    a   vida   que   devias   confiar -  lhes .









Albano  Martins 
imagem _  Cristian  Laubadière _  

segunda-feira, julho 21, 2014

Côr de asas















Se
gostam   de   Aquilino  Ribeiro  e   de   aves  . . .  

deliciem - se .






sábado, julho 19, 2014

Côr de andorinha




















Voluntariamente ,
parecia   guardar  a   natureza   religioso  e   grato
silêncio .
Ali  perto  ,  nada  mais  possessivo   sob  o  céu  
de  incriveis  profundidades  que   os  pinhais ,  negros  de  seiva , e  os  campos  de  centeio  balofos  e  verdes.

Mas  duas   andorinhas  desceram  sobte  o  telhado,  depois  extáticas ,  peitoral  branco  a  luzir ,  diziam   
na  mudez   espacial  . . .  cá   estamos  .

Milagre  do  ar  puríssimo ,  ouviu - se  o   chocalho  
dos  rebanhos  badalejando  longe . Calou - se  ,  
volveu   a  ouvir -se  , e ,  sincopado,  figurou - lhe  o  doce  solilóquio  do   ermo .









Aquilino  Ribeiro  _  Andam  faunos  pelo  bosque  _
imagem _  Ota  Janecek _

segunda-feira, julho 14, 2014

Côr de amigo





















Por  ti  falo. 
E  ninguém  sabe. 
Mas  eu  digo  . . .
meu irmão    minha amêndoa    meu amigo
meu tropel de ternura    minha casa
meu jardim de carência    minha asa. 









José  Carlos  Ary  dos  Santos
imagem _  Alexander  Bourganov _

domingo, julho 13, 2014

sábado, julho 12, 2014

Côr de gargalhada




    
Na
noite  passada ,   sonhei   com   o   meu   Avô   paterno .
O   homem   que   tentou   ensinar -  me   a   rir .  Junto  dele  conseguia ,  mas  só  junto  dele .
_ Devias   ter   deixado ,  como  herança ,  a  tua  gargalhada  _

Deu - me   a  maior   sova   que   apanhei   em  criança . 
Resolvi   nadar  ,  sem  roupa ,  no   tanque   dos   patos  .

As   estórias   que   contava   e   o   amor   com   que  o  fazia ,  superaram   as  palmadas  .

Nas   ditas   estórias ,  inventadas   no  momento ,  havia  , sempre ,  bruxas ,  princesas ,  animaizinhos   e   bailes   com  bela  música . . .

_ Hó   Avô   com
o   agradeço   a  magia   que  introduzistes  na   minha   vida   e  o   tentares   que  gargalhasse  como   Tu  _  .


Há  ,
   aparece   mais   vezes  !   

quinta-feira, julho 10, 2014

Côr de viver




















Sê  tu  a  palavra

 Poupar  o  coração
é  permitir  à  morte
coroar-se  de  alegria.


Morre
de ter ousado
na  água  amar o  fogo.







Eugenio  de  Andrade
imagem  _   net  _

terça-feira, julho 08, 2014

segunda-feira, julho 07, 2014

Côr do meu retrato preferído

















Lilaz ,
a   mulher   que   fala  com   as   coisas !



Não ,
não   digo  que  o  faço  porque   escutam  , melhor  , que 
a  maioria   dos  humanos .
Não .

Esta   minha   tendência ,   é   uma   herança   materna . 

Desde   criança   que   via   minha   Mãe   falar   docemente   com  plantas ,  carinhosamente  com   os   animais   ditos   irracionais  . . . 
Enfim ,  com   tudo   que  a   rodeava   e   constituía   a   vida .

Naturalmente ,   fui   fazendo  o  mesmo .

Ninguém ,  até  à  data ,  manifestou   estranheza  . . .
cada  um  com  as  suas  idiossincrasias  ,  e  vamos   vivendo . 
Será ?
É   provável ,  pois  é  a  minha  forma de  estar na vida . E  por  vezes , colhe - se   o  que  se   semeia .
Por   vezes !






imagem _  Luis  Filipe  Gomes   _

sábado, julho 05, 2014

Côr de ... diferentes




















Se
quisermos   ser   realmente   compreendidos ,  
talvez  seja  aconselhável   dizer  a   mesma
coisa  de  duas  maneiras   diferentes . . . 

Uma   para   os  ouvidos  ,
e  
outra   para   o   coração  .







imagem _  Eugenijas  Konovalovas  _

quinta-feira, julho 03, 2014

Côr de contos de fados





Deitada numa nuvem de não-ser
Deixei ao deus-dará os meus abraços
Afastando-me assim, sem o saber
Do ponto de chegada dos meus passos

Caminho é quanto fica da viagem
Paragem é caminho para trás
E agora só me resta por bagagem
O tanto mal que fez o tanto-faz

Julgava não ser nada, e era tudo
Pois tudo, em cada nada, acontece
P'ra além das sombras do tempo miúdo
A grande luz do tempo permanece

Sozinha, tenho agora de inventar
Essoutra nuvem de uma cor diferente
Em que eu, à força de aprender a amar
Aprenda tudo sobre toda a gente.





letra  _  José  Mário  Branco _
musica _  Miguel  Alberto _