A _ cor _ dar , é preciso !


domingo, dezembro 31, 2017

Côr de 2018





























Que
no   próximo    ano   consigamos   obter    ou   recuperar
o   que   de  mais  falta    sentimos  .


Voltar    a  acreditar  . . .    a  minha    urgência  !








Imagem  _   Igor Kamenev   _

domingo, dezembro 24, 2017

Côr de Natal de Jesus




























Mulheres atarefadas
Tratam do bacalhau,
Do peru, das rabanadas.
 Não esqueças o colorau ,
O azeite e o bolo-rei !
Está bem , eu sei  ! 
E as garrafas de vinho ?
Já vão a caminho ! 
Oh mãe , estou pr'a ver
Que prendas vou ter.
Que prendas terei ?
Não sei , não sei ... 

Num qualquer lado ,
Esquecido, abandonado ,
O Deus  Menino
Murmura baixinho  . . .
Então e eu ,
Toda a gente me esqueceu ?

Senta-se a família
À volta da mesa.
Não há sinal da cruz ,
Nem oração ou reza .
Tilintam copos e talheres.
Crianças , homens e mulheres
Em eufórico ambiente.
Lá fora tão frio ,
Cá dentro tão quente .

Algures esquecido ,
Ouve-se Jesus dorido . . .
Então e eu ,
Toda a gente me esqueceu ?

Rasgam-se embrulhos ,
Admiram-se as prendas ,
Aumentam os barulhos
Com mais oferendas .
Amontoam-se sacos e papeis
Sem regras nem leis . 


E Cristo Menino
A fazer beicinho . . .

Então e eu ,
Toda a gente me esqueceu
?

O sono está a chegar.
Tantos restos por mesa e chão .
Cada um vai transportar
Bem estar no coração .
A noite vai terminar ,


E o Menino , quase a chorar . . .
Então e eu ,
Toda a gente me esqueceu


Foi a festa do Meu Natal
E , do princípio ao fim ,
Quem se lembrou de mim
?
Não tive tecto nem afecto .

Em tudo , tudo , eu medito
E pergunto no fechar da luz . . .


 Foi este o Natal de Jesus 
?!





 
 


João Coelho dos Santos 

imagem_  CatrinWelz Stein

sábado, dezembro 23, 2017

Côr de manso Natal

























Quando um ramo de doze badaladas
se espalhava nos móveis e tu vinhas
solstício de mel pelas escadas
de um sentimento com nozes e com pinhas ,

menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.

Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado .

O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.








Natália   Correia
imagem _ William  Barnes

quinta-feira, dezembro 21, 2017

Côr de Inverno























É 
a música , este romper do escuro.

Vem de longe , certamente doutros dias,
doutros lugares. 
Talvez tenha sido a semente de um choupo,
o riso de uma criança , o pulo de um pardal.
Qualquer coisa em que ninguém
sequer reparou , que deixou de ser
para se tornar melodia .
Trazida por um vento pequeno ,
um sopro , ou pouco mais , para tua alegria.
E agora demora-se ,
este sol materno ,  fica contigo o resto dos dias.

Como o lume  , ao chegar o Inverno .








Eugénio de  Andrade
imagem  _   Christian   Schloe

domingo, dezembro 17, 2017

Côr de natividade



















Foi numa cama de folhelho,
entre lençóis de estopa suja
num pardieiro velho.

Trinta horas depois a mãe pegou na enxada
e foi roçar nas bordas dos caminhos
manadas de ervas
para a ovelha triste.
E a criança ficou no pardieiro
só com o fumo negro das paredes
e o crepitar do fogo,
enroscada num cesto vindimeiro,
que não havia berço
naquela casa.
E ninguém conta a história do menino
que não teve
nem magos a adorá-lo,
nem vacas a aquecê-lo,
mas que há-de ter
muitos reis da Judeia a persegui-lo
que não terá coroas de espinhos
mas coroas de baionetas
postas até ao fundo do seu corpo.

Ninguém há-de contar a história do menino.
Ninguém lhe vai chamar o Salvador do Mundo.




Alvaro   Feijó 
imagem  _    net  _

sábado, dezembro 16, 2017

Côr de não vou




Eu tinha as chaves da vida e não abri
As portas onde morava a felicidade .
Eu tinha as chaves da vida e não vivi
A minha vida foi toda uma saudade .
E tanta ilusão que tive e foi perdida
E tanta esperança no amor foi destroçada
Não sei porque me queixo desta vida
Se não quero outra vida para nada .

 
Se foi para isto que nasci
Se foi para isto que hoje sou
Se foi só isto que mereci
Não vou , não vou .
Podem passar bocas pedindo ,
Olhos em fogo tudo acabou ,
Pode passar o amor mais lindo ,
Não vou , não vou .

Eu tinha as chaves da vida e fui roubada ,
Mataram dentro de mim toda a poesia ,
Deixaram só tristeza sem mais nada ,
E a fonte dos meus olhos que eu não queria .






Letra  _   Julio  de  Sousa  _
Musica  _Moniz  Pereira  _

sexta-feira, dezembro 15, 2017

Côr de viver por curiosidade



























A
palavra  entusiasmo  provém  da   antiga  Grécia
e  significa  ter  os  deuses  dentro .
Contudo , quando  se  aproxima  alguma  cigana 
e  me  pega  a  mão  para  me  ler  o  destino   ,  eu 
pago - lhe o   dobro  para  que  me  deixe   em  paz  . . .
não  conheço  o  meu   destino  nem  quero conhecê - lo .
Vivo  e   sobrevivo ,  por  curiosidade .
É   muito   simples  .  
Não  sei ,  nem  quero  saber ,  qual  é  o  futuro  
que  me  espera .
O   melhor  sobre   o  meu  futuro   é  que  eu   não
o   conheço  .






Eduardo   Galeano  _  O  caçador   de  histórias  _
imagem  _   Elsa  Mora _

sábado, dezembro 09, 2017

Côr de soprando no vento





Por quantas estradas tem um homem de andar
Até que se possa chamar-lhe homem
?
Sim, e quantos mares tem uma pomba branca de cruzar
Até que durma na areia
?
Sim, e quantas vezes têm as balas de canhão voar
Até serem para sempre banidas?
A resposta, meu amigo, está soprando no vento
A resposta está soprando no vento .

Quantos anos pode uma montanha existir
Até ser levada para o mar 
?
Sim, e quantos anos têm algumas pessoas de existir
Até que lhes permitam ser livres
?
Sim, e quantas vezes pode um homem virar a cabeça
Fingindo que nada vê
?
A resposta, meu amigo, está soprando no vento
A resposta está soprando no vento .

Quantas vezes tem um homem que erguer o olhar
Até que possa ver o céu
?
Sim, e quantos ouvidos deve um homem ter
Até poder ouvir pessoas a gritar
?
Sim, e quantas mortes são precisas até que saiba
Que demasiadas pessoas morreram
?
A resposta, meu amigo, está soprando no vento


A resposta está soprando no vento .

 






Bob Dylan
imagem  _   Luis  Filipe   Gomes

sexta-feira, dezembro 08, 2017

Côr de olhos que falam





O
silêncio   da   boca ,  não   cala   o   silêncio   dos    olhos  !
 












Foto  _   José  Carlos   Teixeira   _ 

segunda-feira, dezembro 04, 2017

Côr de choro






















Ontem  ,

chorei   porque   deixei   que  me  tirassem   a   fé   cega  de  criança .
E
porque  vai  ser   difícil  continuar  acreditar  ,
e
adoro acreditar  !


Chorei ,
porque   daqui  em  diante  chorarei  menos.








domingo, dezembro 03, 2017

Côr de Fado Larangeira








Letra: J. César Valente
Música: Alfredo Marceneiro