A _ cor _ dar , é preciso !


sábado, outubro 31, 2009

Côr de ... todas temos um principe .



Tenho fascínio por abóboras !
Será que ainda não perdi a esperança que uma delas se transforme em carruagem e me transporte ao baile , onde conhecerei o meu principe ?
Sim ,
porque todas as mulheres , quando nascem , trazem uma esperança ,

um dia encontrar o seu principe !

sexta-feira, outubro 30, 2009

Côr de carta não enviada .


/
Gostava de ter dúvidas sobre a existência de Deus .
Acho que seria um cristão mais cristão . Se fosse agnóstico em momentos racionais , ateu em momentos de sofrimento e blasfemo em alturas de cólera .
O meu pecado é este ... sempre fui crente . Ao longo dos anos , o cepticismo foi ganhando terreno , mas é um cepticismo sobre as criaturas . O niilismo cresceu , mas é um niilismo sobre as sociedades .O desamparo foi um aguilhão , mas é um desamparo que ecoa o silêncio de Deus , não a sua inexistência . Acreditei sempre em Deus , mesmo nas noites mais escuras .
/
Mas sei que Deus existe , porque sinto ( com os sentidos e sem os sentidos ) uma presença real que creio seja fundamental de todas as coisas . Não sei o que Deus quer de mim , apesar dos Evangelhos . Não sei a que corresponde a poesia inefável a que damos esse nome Deus e aos seus atributos e moradas . Mas acredito que há um sentido . Um propósito . Que não somos um acaso grotesco da matéria enredada na inanidade e na extinção .
/
Não escreveria uma carta a Deus , pois Deus conhece tudo , todas as palavras e pensamentos , todos os cabelos da minha cabeça .
Mas que esta justificação sirva como essa carta que não escrevi .
Uma carta que que confessasse o meu único e grande e incompreensivel pecado ... Acreditar em Deus .
Esse nome que não sei o que significa. Mas sei que significa .


Pedro Mexia _ Cartas a Deus _ [ com alguns cortes ]

quarta-feira, outubro 28, 2009

Côr de tamacun .



Se sentir o coração bater devagar ... devagarinho ...
Ouça este duo
!

terça-feira, outubro 27, 2009

Côr de ... pudor .


/
Embora saiba
mexer palavras , e doer de frente ,
e tenha esse talento conhecido
de acordar de manhã , dormir à noite,
e ser , o dia todo, como gente .

Nunca curei , como previa, a lepra ,
nem decifrei o delicado enigma
da letra morta que nos antecede.

Por muito te querer , talvez pudesses
dar - me um lugar qualquer mais adiante.
Despir - te de pudor , por um instante
e
deixá - lo cobrir - me como um manto.
/

*

António Franco Alexandre

segunda-feira, outubro 26, 2009

Côr de para sempre .



Uma única porta
No único muro de uma casa em ruínas.
Cuidado ...
Quem atravessar essa porta , à noite , pode ficar para sempre
no

Outro Mundo !
*
Mário Quintana

domingo, outubro 25, 2009

Côr de dedos mágicos .

Carlos Paredes ... ...
O homem que a par dos seus dedos mágicos , exibiu , sempre , uma simplicidade e grandeza

de ser !

sexta-feira, outubro 23, 2009

Côr de se escreve .



Com o alfabeto do corpo ,
é
que se escreve ,

o

mundo !


*
Albano Martins _ Assim são as Algas _

quinta-feira, outubro 22, 2009

Côr de sem borracha .



Viver ,
é

desenhar , sem utilizar a borracha !

quarta-feira, outubro 21, 2009

Côr de agradecimento .



Há frases na vida de uma importância vital .
Há as que nos podem tirar o chão por momentos , e as que tornam um dia cinzento num dia cheio de luz e sem nuvens .
Não , não é o tão ansiado amo-te .
É , simplesmente ...

_ pode estar descansada , continua tudo bem _

E aí ...

Deus , obrigada !

domingo, outubro 18, 2009

Côr de precisas que te faça um desenho ? !


Vou falar-vos do desenho e creio poder dizer-vos alguma coisa de novo sobre a mais antiga das expressões . Nenhuma outra forma de pensamento chegou até nós mais próximo do seu aspecto primitivo do que o desenho. Todas as origens se dispersaram pelas infinitas direcções do tempo e da geografia , mas as rochas conservam os traços que nem o tempo desfez nem a geografia mudará jamais .

Tem o desenho um sentido universal que o distingue de qualquer outra expressão universal do homem .

Se fosse possível reunir os desenhos de crianças de todo o mundo e desconhecendo as respectivas nacionalidades , ninguém saberia , através desses desenhos , indicar a pátria do seu autor .

As crianças de todo o mundo são iguais na espontaneidade dos traços instintivos do homem .
São iguais até que o instinto deixa de ser a única força que as conduz.
/
O desenho não é simplesmente um cojunto de linhas ou traços.
O desenho é o nosso entendimento a fixar o instante .
/
Por isso o desenho é o melhor amigo do entendimento .
É corrente , quando alguém não percebe o que se diz , acrescentar ... Precisas que te faça um desenho ?!


Almada Negreiros

sexta-feira, outubro 16, 2009

Côr de folheei - te .



Como um livro
folheei
o
teu corpo.
Como um livro ,
à procura da tua alma .

Encontrei-a no índice.

*

Albano Martins

quinta-feira, outubro 15, 2009

Côr de O beijo .



António Pujía escolheu , ao acaso , um dos blocos de mármore de carrara que vinha comprando ao longo dos anos .
Era uma lápide . Viera de alguma tumba , sabe-se lá de onde .
Ele não tinha a menor ideia de como tinha ido parar ao seu ateliê .

António deitou lápide sobre uma base de apoio , e começou a trabalhar . Tinha alguma ideia do que queria esculpir , ou talvez nenhuma .
Começou por apagar a inscrição ... o nome de um homem , o ano do nascimento , o ano do fim .
Depois o cinzel penetrou no mármore . E António encontrou uma surpresa que estava esperando por ele pedra adentro .

O veio tinha a forma de duas caras que se juntavam , algo assim como dois perfis frente a frente , o nariz grudado no nariz , a boca grudada na boca .
O escultor obedeceu à pedra . E foi escavando , suavemente , até que cobrou relevo aquele encontro que a pedra continha .
No dia seguinte , deu o trabalho por concluído . E então , quando levantou a escultura , viu o que não havia visto antes . . .
Ao dorso , havia outra incrição ... o nome de uma mulher , o ano do nascimento , o ano do fim .


Eduardo Galeano _ Bocas do tempo _

terça-feira, outubro 13, 2009

Côr de pequenas mortes , na vida .



Da primeira vez que me assassinaram , perdi um geito de sorrir que eu tinha ...
Depois , de cada vez que me mataram ,


foram levando qualquer coisa minha ... !

Mário Quintana

domingo, outubro 11, 2009

Côr de Bom Domingo .



Um Bom Domingo ,
para todos .

sexta-feira, outubro 09, 2009

Côr de coisa simples .


Quero dizer-te uma coisa simples.
A tua ausência dói-me.
Refiro-me a essa dor que não magoa , que se limita à alma . Mas que não deixa , por isso, de deixar alguns sinais .

Um peso nos olhos, no lugar da tua imagem ,
e
Um vazio nas mãos, como se as tuas mãos lhes tivessem roubado o tacto .
São
estas as formas do amor, podia dizer-te , e acrescentar que ...
As coisas simples também podem ser complicadas ,
Quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade.
Porém , é o sonho que me traz a tua memória ,
e
A realidade aproxima-me de ti, agora que
Os dias correm mais depressa, e as palavras
Ficam presas numa refracção de instantes,
Quando a tua voz me chama de dentro de
mim e me faz responder-te uma coisa simples ...

Como dizer que a tua ausência me dói.

*
Nuno Júdice

quinta-feira, outubro 08, 2009

Côr de vazio necessário .


A vida precisa do vazio.
A lagarta dorme num vazio chamado casulo

até se transformar em borboleta.
A música precisa de um vazio chamado silêncio , para ser ouvida.
Um poema precisa do vazio da folha de papel em branco , para ser escrito.
E as pessoas, para serem belas e amadas,
precisam ter um vazio dentro delas.

A maioria acha o contrário .
Pensa que o bom é ser cheio.
Essas são as pessoas que se acham cheias de verdades e sabedoria e falam sem parar .
São umas chatas , quando não são autoritárias.
Bonitas são as pessoas que falam pouco e sabem escutar.
A essas pessoas é fácil amar.
Elas estão cheias de vazio.
E é no vazio da distância que vive a saudade...

*
Rubem Alves

quarta-feira, outubro 07, 2009

terça-feira, outubro 06, 2009

Côr de ás vezes .



Sou composta por urgências .
Minhas alegrias são intensas , minhas tristezas absolutas.
Me entupo de ausências , me esvazio de excessos.
Eu não caibo no estreito ,

eu só vivo nos extremos.
*
Clarice Lispector
Ás vezes . . . !

domingo, outubro 04, 2009

Côr de animal .



Ser o homem-aranha não me tenta,
prefiro a vida táctil dos insectos
que ainda na morte se conservam puros,
assim na estante , entre os melhores objectos.
Somos , da criação , os mais intactos
vestígios e sinais , e ainda nos sobra
uma dura memória milenar
no minério dos nossos corpos secos .
O mero escaravelho sabe mais
do mover-se da areia na ampulheta
do que os humanos todos em colégio.
Triste sina porém é não poderes
suportar os contactos animais ,
fazer-te comichão , teres alergia ,
e quereres escalar os edifícios
com ventosas e outros artifícios
de que me rio, às vezes, quando cais.
Tivesse eu carnes , osso, e pele,
talvez tu me abraçasses , carinhoso,
embora assuste a ideia de servir-te
de entrada fria em singular almoço.
E quem me diz que , belo então que fosse ,
conservaria ainda o privilégio
de me sentar no teu joelho, e ver
os exactos mistérios do teu sexo
?

António Franco Alexandre

Suponho que ninguém põe em causa o chamar-se animal a um insecto .
Alguns são de uma beleza rara , se os olharmos sem animosidade . Lalique assim o fez.
Se pensarmos um pouco , talvez não seja própriamente repugnância o que alguns seres humanos têm por estes seres , mas medo misturado com respeito .
É que eles possuem atributos que nós ainda buscamos , sem a certeza do seu encontro .

sábado, outubro 03, 2009

Côr de dia 3 de Outubro .



Mais um ano !

Porque os outros se mascaram mas tu não .
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão .
Porque os outros têm medo mas tu não .

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não .

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo .
Porque os outros são hábeis mas tu não .

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam , mas tu não.



Sophia de Mello Breyner Andresen




Ofereci - me este poema , porque ... sim !

sexta-feira, outubro 02, 2009

Côr de Mahatma Gandhi .



A não violência absoluta é a ausência absoluta de danos provocados a todo o ser vivo.

A não violência , na sua forma activa , é uma boa disposição para tudo o que vive.


É o amor na sua perfeição.


*
Mahatma Gandhi

quinta-feira, outubro 01, 2009

Côr de musica .


Creio
que a música é aquela língua perdida , da qual esquecemos o sentido , e conservamos apenas a harmonia .