
De amor nada mais resta que um outubro.
E quando mais amada mais desisto
Quanto tu mais me despes mais me cubro
E quanto mais me escondo mais me avisto.
E sei que mais te enleio e te deslumbro
Porque se mais me ofusco, mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto
Por fora ajoelho, corpo mistico.
Não me acordes. Estou morta na quermesse
Dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
Nem teus zelos amantes a demovem.
Mas quanto mais em nuvem me desfaço,
Mais de terra e fogo é o abraço
Com que na carne queres reter-me jovem .!
Natália Correia
1 comentário:
Ao escolheres este soneto
Estás a escolher-te a ti mesmo
E quanto mais te encobres
Mais em mim te descobres
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