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quinta-feira, abril 17, 2008

Côr de Ausente



Tendo-me despido de todos os meus mantos.
Tendo -me separado de adivinhos, mágicos e deuses,
Para ficar sòzinha ante o silêncio,
Ante o silêncio e o esplendor da tua face.

Mas tu és de todos os ausentes ... o ausente.
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca.

O meu coração desce as escadas do tempo onde não moras .
E o teu encontro
São planicies de silêncio .

Escura é a noite.
Escura e transparente.

Mas o teu rosto está para além do tempo opaco.

E eu não habito os jardins do teu silêncio,
Porque tu és de todos os ausentes ... o Ausente .!


Sophia de Mello Breyner

1 comentário:

Luís disse...

De tão ausente
Que essa ausência se sente
Mais do que uma presença.
O perfume paira sobre essa ausência
E entranha-se, como que tudo à nossa volta,
Fosse a presença dessa ausência.
Ausente.
Não há ausências.
As ausências fazem-se quando há presenças.