A _ cor _ dar , é preciso !


quinta-feira, dezembro 23, 2010

Côr de esquina



Foi
numa esquina qualquer que se encontraram o Pai Natal e o Menino Jesus.

Enquanto aquele se preparava para trepar um prédio , com o seu saco às costas , este último, recém-nascido , descia à terra e oferecia-se inerme , num pobre estandarte , que cobria uma mísera janela.
_ Quem és tu , Menino _ disse o velho_ e que fazes por aqui
?! É a primeira vez que te vejo !

_ Sou Jesus de Nazaré e ando há vinte séculos à procura de uma casa que me receba e , como há dois mil anos em Belém , não há quem me dê pousada.
_ Pois não é de estranhar
! Não vês que vens quase nu ?! Porque não trazes roupas quentes, como as que eu tenho , para me proteger do frio do inverno ?

_ O calor com que me aqueço é o fogo do meu amor e o afecto dos que me amam.
_ Eu trago muitos presentes , para os distribuir pelas casas das redondezas. E tu , que andas por aqui a fazer
?

_ Eu sou rico, mas fiz-me pobre , para os pobres enriquecer com a minha pobreza. Eu próprio sou o presente de quem me acolher. Não vim ensinar os homens a ter , mas a ser , porque quanto mais despojada é a vida humana , maior é aos olhos do Criador.
_ E de onde vens e como vieste até aqui
?
Eu venho da Lapónia, lá para as bandas do pólo norte.
_ Eu venho do céu , de onde é o meu Pai eterno , e vim ao mundo pelo sim de uma virgem .
_ Que coisa estranha
! Nunca ouvi falar de ninguém que tenha nascido de uma virgem e assim tenha vindo ao mundo ! E não tens nenhum animal que te transporte para tão longa viagem , como eu tenho estas renas ?

- Um burrinho foi a minha companhia em Belém , e foi também o meu trono real , na entrada triunfal em Jerusalém.
_Um burro ?! Não é grande coisa , para trono de um rei …
_ O meu reino não é deste mundo e a sua entrada é tão estreita que os meus cortesãos , para lá entrarem , se têm que fazer pequeninos , porque destes é o meu reino.
_E que coisas ofereces
? Que tesouros tens para dar ? Que prometes ?

_ Trago a felicidade , mas escondida na cruz de cada dia , trago o céu , mas oculto no pó da terra , trago a alegria e a paz , mas no reverso das labutas do próprio dever , trago a eternidade , mas no tempo gasto ao serviço dos outros , trago o amor , mas como flor e fruto da entrega sacrificada.
_ Pois eu trago as coisas que me pediram ... jogos e brinquedos para os miúdos e , para os graúdos , saúde , prazer , riqueza e poder. Mas , por mais que lhes dê , nunca estão satisfeitos!
_ A quem me dou , quer-me sempre mais na caridade que tem aos outros , porque é nos outros que eu quero que me amem a mim.
_Mais um enigma
! De facto , somos muito diferentes , mas pelo menos numa coisa nos parecemos ... ambos estamos sós , nesta noite de consoada !

_ Eu nunca estou só , porque onde estou , está sempre o meu Pai e onde eu e o Pai estamos , está também o Amor que nós somos e estão aqueles que me amam.
_Bom , a conversa está demorada e ainda tenho muitas casas para assaltar , pela lareira , como manda a praxe.
_ Eu estou à porta e bato e só entrarei na casa de quem liberrimamente me abrir a porta do seu coração e aí cearei e farei a minha morada.
_Pois sim , mas eu vou andando que já estou velho e cansado …
_ Eu acabo de nascer e quem , mesmo sendo velho , renascer comigo , será como uma fonte de água viva a jorrar para a vida eterna.
O velho Pai Natal , resmungando , subiu ao telhado do luxuoso prédio , atirou-se pela chaminé abaixo e desapareceu.


Recebido por e - mail .
Brett Lethbridgelliot

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