A _ cor _ dar , é preciso !


segunda-feira, dezembro 10, 2007

Côr do meu mal.



Eu tenho lido em mim, sei-me de cor,
Eu sei o nome ao meu estranho mal ...
Eu sei que fui a renda de um vitral,
Que fui cipreste, e caravela , e dor.

Fui tudo que no mundo há de maior,
Fui cisne, e lírio, e águia, e catedral .
E fui, talvez, um verso de Nerval,
Ou um cínico riso de Chamfort ...

Fui a heráldica flor de agrestes cardos,
Deram as minhas mãos aroma aos nardos,
Deu cor ao eloendro a minha boca.

Ah ! De Boabdil fui lágrima na Espanha.
E foi de lá que trouxe esta ânsia estranha ...
Mágoa não sei de quê ... ! Saudade louca ... .!

Florbela Espanca

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